São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Oswaldo Cruz foi pioneiro em individualizar UTI

DA REPORTAGEM LOCAL

Não fossem os aparelhos de suporte à vida, a UTI do hospital Oswaldo Cruz se passaria facilmente por uma ala de apartamentos comuns. Os quartos têm TVs, banheiros e janelas por onde a luz entra o dia todo.
O hospital é pioneiro em São Paulo na criação de UTIs individualizadas. E não é de hoje. "Faz 30 anos que temos quarto separado em que o paciente vê a rua, a luz do dia", afirma o médico Ivan Cecconello, responsável pelos 24 leitos de UTI do Oswaldo Cruz.
A unidade é dividida em três setores, segundo o grau de gravidade dos pacientes. Três leitos, reservados para os mais críticos, ficam em frente ao posto de enfermagem. Uma das camas permanece vazia à espera dos casos de emergência.
Além de seguir os protocolos internacionais para um atendimento eficaz de terapia intensiva, o Oswaldo Cruz investe em aspectos de humanização no trato do paciente e da sua família. "Quando um paciente está na UTI, a família também precisa de assistência intensiva", diz Fátima Gerolin, gerente de qualidade hospitalar.
Isso se traduz, sobretudo, em informações. Assim que o paciente é internado, a família recebe explicações sobre como funcionam os aparelhos e os procedimentos e recebe dados diários da saúde do doente.
Apesar dos horários de visitas na UTI estarem limitados no período da tarde e da noite, o hospital abre exceções e amplia a permanência no caso de idosos, de crianças e de pacientes que estão conscientes e que desejam ter um parente por perto durante mais tempo.
É comum também familiares trazerem para a UTI objetos de grande estima do paciente, que são colocados em uma mesa ao lado do leito. "Há um mês, a filha de uma paciente em fase terminal, trouxe fotos de toda a família e alguns objetos da casa. Ela conversou muito com a mãe. Logo depois, a mulher morreu", relata Gerolin.
Criar períodos de silêncio na unidade e manter o mesmo profissional cuidando do paciente são algumas das preocupações da equipe para oferecer maior conforto ao doente da UTI. "É importante para ele criar um vínculo com a enfermeira que vai dar banho, remédio ou fazer curativo", diz ela.
O cuidado personalizado continua após a alta. O profissional que cuidou do paciente no hospital liga para a sua casa para saber como ele está se sentindo e se continua seguindo as recomendações médicas.
Segundo Cecconello, o mais importante dentro de uma UTI é ter uma equipe bem formada e treinada. "Às vezes, o que precisamos dar é o que existe dentro da gente antes de ser médico ou enfermeira, doação."
Ele cita um exemplo: "Há dez anos, minha mãe ficou na UTI. Um dia, cheguei para visitá-la. Ela estava sentadinha na cama, com um prato de sopa na sua frente, mas não conseguia comer. Já estavam querendo passar uma sonda. E o que precisava era só alguém para dar de comer a ela." (CLÁUDIA COLLUCCI)


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