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Oswaldo Cruz foi pioneiro em individualizar UTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Não fossem os aparelhos de
suporte à vida, a UTI do hospital Oswaldo Cruz se passaria facilmente por uma ala de apartamentos comuns. Os quartos
têm TVs, banheiros e janelas
por onde a luz entra o dia todo.
O hospital é pioneiro em São
Paulo na criação de UTIs individualizadas. E não é de hoje.
"Faz 30 anos que temos quarto
separado em que o paciente vê
a rua, a luz do dia", afirma o médico Ivan Cecconello, responsável pelos 24 leitos de UTI do
Oswaldo Cruz.
A unidade é dividida em três
setores, segundo o grau de gravidade dos pacientes. Três leitos, reservados para os mais
críticos, ficam em frente ao
posto de enfermagem. Uma das
camas permanece vazia à espera dos casos de emergência.
Além de seguir os protocolos
internacionais para um atendimento eficaz de terapia intensiva, o Oswaldo Cruz investe
em aspectos de humanização
no trato do paciente e da sua família. "Quando um paciente está na UTI, a família também
precisa de assistência intensiva", diz Fátima Gerolin, gerente de qualidade hospitalar.
Isso se traduz, sobretudo, em
informações. Assim que o paciente é internado, a família recebe explicações sobre como
funcionam os aparelhos e os
procedimentos e recebe dados
diários da saúde do doente.
Apesar dos horários de visitas na UTI estarem limitados
no período da tarde e da noite, o
hospital abre exceções e amplia
a permanência no caso de idosos, de crianças e de pacientes
que estão conscientes e que desejam ter um parente por perto
durante mais tempo.
É comum também familiares
trazerem para a UTI objetos de
grande estima do paciente, que
são colocados em uma mesa ao
lado do leito. "Há um mês, a filha de uma paciente em fase
terminal, trouxe fotos de toda a
família e alguns objetos da casa.
Ela conversou muito com a
mãe. Logo depois, a mulher
morreu", relata Gerolin.
Criar períodos de silêncio na
unidade e manter o mesmo
profissional cuidando do paciente são algumas das preocupações da equipe para oferecer
maior conforto ao doente da
UTI. "É importante para ele
criar um vínculo com a enfermeira que vai dar banho, remédio ou fazer curativo", diz ela.
O cuidado personalizado
continua após a alta. O profissional que cuidou do paciente
no hospital liga para a sua casa
para saber como ele está se sentindo e se continua seguindo as
recomendações médicas.
Segundo Cecconello, o mais
importante dentro de uma UTI
é ter uma equipe bem formada
e treinada. "Às vezes, o que precisamos dar é o que existe dentro da gente antes de ser médico ou enfermeira, doação."
Ele cita um exemplo: "Há dez
anos, minha mãe ficou na UTI.
Um dia, cheguei para visitá-la.
Ela estava sentadinha na cama,
com um prato de sopa na sua
frente, mas não conseguia comer. Já estavam querendo passar uma sonda. E o que precisava era só alguém para dar de comer a ela."
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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