São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Referência, Sírio vira "escritório" de paciente

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

NA MÃO DIREITA , a gerente de contas Ana Paula Torino, 36, recebe quimioterápico para tratar um câncer da mama descoberto em março. Na mão esquerda, atende a clientes no celular. Nas duas horas e meia em que fica no centro de oncologia do Hospital Sírio-Libanês, a cada 15 dias, não muda a rotina de trabalho. Às vezes, leva laptop à sessão de químio e passa o tempo trabalhando. "O lugar é confortável. Isso ajuda a me sentir melhor." As salas de aplicação de quimioterapia são individuais, com acomodação para acompanhante, banheiro privativo, TV, telefone, serviço de copa e internet sem fio.
O centro de oncologia ocupa uma área exclusiva dentro do Sírio. São 3.800 m2 distribuídos em quatro andares.
Conhecido por ter um dos melhores times de oncologistas da América Latina, o Sírio-Libanês se orgulha de possuir uma equipe de médicos titulares exclusivos -coisa rara entre as instituições hospitalares-, todos com formação nos EUA ou no Canadá. Alguns mantêm, inclusive, seus consultórios dentro do hospital.
"Além de o médico ter mais qualidade de vida, por estar com toda sua prática no mesmo local, o paciente também ganha mais atenção. Eu consigo ver meus pacientes duas vezes ao dia, de manhã e depois das 19h, quando saio do consultório", diz o oncologista Antonio Buzaid, diretor do centro.
Os médicos do centro oncológico do Sírio são muito procurados por pacientes em busca de uma segunda opinião.
Em alguns consultórios, como o de Buzaid, esse público representa mais de 50% do total de atendimentos. No centro todo, a média é de 30%.
"Os casos mais complicados vêm para cá. Quando você está mal, sua vida está sendo ameaçada, você vai para o melhor hospital, mesmo que o seguro não pague, mas você vai ao melhor", afirma Buzaid.
O hospital também oferece serviço de segunda opinião internacional, que permite ao paciente ter seu caso avaliado por outro especialista sem se deslocar do país. Os exames do doente são enviados aos especialistas do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center de Nova York (EUA), por exemplo, e, depois, o caso é discutido, por teleconferência, entre os médicos do Sírio e os norte-americanos.
A equipe médica edita um manual de oncologia, com tradução para o espanhol, que é atualizado semanalmente e fica à disposição de profissionais da saúde na internet. Algumas seguradoras de saúde utilizam a obra, também editada na forma impressa, como referência para autorizar ou vetar procedimentos oncológicos.
Na parte técnica, o centro oncológico do Sírio dispõe das mais modernas tecnologias de diagnóstico e tratamento. Há dois anos, foi o primeiro do país a dispor de um PET/CT, um equipamento de diagnóstico por imagem que tem que revolucionado o tratamento de pacientes com câncer.
Acoplado a um tomógrafo computadorizado espiral, o equipamento é capaz de captar as imagens do corpo inteiro em 30 minutos, o que facilita detectar precocemente e com precisão, de modo não-invasivo, tumores malignos de pequenas dimensões.
O hospital também conta com a última tecnologia em radioterapia: aceleradores lineares com IGRT, uma técnica altamente precisa que permite a aplicação de doses maiores de radiação nas células tumorais sem lesar tecidos sadios ao redor do tumor.
"Há um grande investimento na área de imagem, mas, o mais importante, é a qualidade do pessoal que vai fazer uso desses equipamentos", afirma o oncologista Paulo Hoff.
Montado há dez anos, o centro oncológico do Hospital Sírio-Libanês também se encontra em fase de expansão.
De acordo com Buzaid, serão construídos mais oito consultórios e contratados outros dois médicos titulares até o final deste ano.
Hoje, 7% do total de atendimentos realizados no local são de pacientes estrangeiros, especialmente do Paraguai, do Uruguai e de outros países da América Latina. "Tem até paciente que pega o avião uma vez por semana e vem se tratar aqui", comenta Buzaid.


Texto Anterior: Samu é melhor opção para ir rápido ao PS
Próximo Texto: Heliópolis: Com 40 mil atendimentos por mês, hospital desdenha de "exposição"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.