São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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HELIÓPOLIS

Com 40 mil atendimentos por mês, hospital desdenha de "exposição"

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ao falar de certificado de qualidade (acreditação), Abrão Rapoport, diretor técnico do Hospital Estadual de Heliópolis há 12 anos, é direto: "Não temos. Em muitos casos, só serve para retocar a maquiagem".
Para ele, que é livre docente em cirurgia de cabeça e pescoço da USP e trabalha no Heliópolis há 30 anos, a certificação deturpa o modelo do hospital. "Temos 400 leitos, com rotatividade a cada dez dias, fora os ambulatórios. Atendemos a 40 mil pacientes por mês, não queremos atrair mais gente. Exposição na mídia, só se for para dizer que fazemos um bom trabalho técnico e assistencial."
E isso é reconhecido na oncologia, carro-chefe do Heliópolis há muitos anos, com ênfase em tumores de cabeça e pescoço e tubo gastrointestinal, "vocação" que se deve a Rapoport. "O gestor imprime sua marca. De 60% a 70% dos atendimentos, tanto cirúrgicos quanto clínicos, são de oncologia", diz ele.
Em vez de desmerecer o hospital -por ele não ter atendimento em pediatria, oftalmologia ou saúde da mulher numa área carente-, a especialização tem atraído pacientes de todo o país. "Quase não há espera, no máximo dez dias. E, dentro do que é possível no câncer, nossos resultados são adequados. O paciente é efetivamente tratado", diz Rapoport.
Os tratamentos são pagos pelo Estado. Do começo ao fim, o gasto com um paciente é de cerca de US$ 20 mil no hospital -que é uma boa surpresa para quem passa pela favela de Heliópolis (zona sul de São Paulo).
Apesar do trecho árido da cidade em que está, o complexo de 20 mil m2 fica num bosque de eucaliptos. Fundado em 1969, o prédio é arejado, luminoso, com um pé-direito alto e acaba de completar a primeira fase de uma grande reforma.
O hospital, de perfil educacional, tem programas de pós-graduação lato sensu (residência médica, especialização) e stricto sensu (mestrado).

Laboratório
Há um ano e meio, o setor de oncologia do hospital Heliópolis, que atua no projeto genoma clínico do câncer, tem recebido reforço do laboratório de biologia molecular. "Antes, só colaborávamos com pacientes. Agora fazemos extração do DNA aqui", diz Adriana Madeira Alvares da Silva, que coordena o laboratório.


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