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HELIÓPOLIS
Com 40 mil atendimentos por mês, hospital desdenha de "exposição"
ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ao falar de certificado de
qualidade (acreditação), Abrão
Rapoport, diretor técnico do
Hospital Estadual de Heliópolis há 12 anos, é direto: "Não temos. Em muitos casos, só serve
para retocar a maquiagem".
Para ele, que é livre docente
em cirurgia de cabeça e pescoço
da USP e trabalha no Heliópolis
há 30 anos, a certificação deturpa o modelo do hospital.
"Temos 400 leitos, com rotatividade a cada dez dias, fora os
ambulatórios. Atendemos a 40
mil pacientes por mês, não queremos atrair mais gente. Exposição na mídia, só se for para dizer que fazemos um bom trabalho técnico e assistencial."
E isso é reconhecido na oncologia, carro-chefe do Heliópolis
há muitos anos, com ênfase em
tumores de cabeça e pescoço e
tubo gastrointestinal, "vocação" que se deve a Rapoport. "O
gestor imprime sua marca. De
60% a 70% dos atendimentos,
tanto cirúrgicos quanto clínicos, são de oncologia", diz ele.
Em vez de desmerecer o hospital -por ele não ter atendimento em pediatria, oftalmologia ou saúde da mulher numa
área carente-, a especialização
tem atraído pacientes de todo o
país. "Quase não há espera, no
máximo dez dias. E, dentro do
que é possível no câncer, nossos resultados são adequados.
O paciente é efetivamente tratado", diz Rapoport.
Os tratamentos são pagos pelo Estado. Do começo ao fim, o
gasto com um paciente é de
cerca de US$ 20 mil no hospital
-que é uma boa surpresa para
quem passa pela favela de Heliópolis (zona sul de São Paulo).
Apesar do trecho árido da cidade em que está, o complexo
de 20 mil m2 fica num bosque
de eucaliptos. Fundado em
1969, o prédio é arejado, luminoso, com um pé-direito alto e
acaba de completar a primeira
fase de uma grande reforma.
O hospital, de perfil educacional, tem programas de pós-graduação lato sensu (residência médica, especialização) e
stricto sensu (mestrado).
Laboratório
Há um ano e meio, o setor de
oncologia do hospital Heliópolis, que atua no projeto genoma
clínico do câncer, tem recebido
reforço do laboratório de biologia molecular. "Antes, só colaborávamos com pacientes.
Agora fazemos extração do
DNA aqui", diz Adriana Madeira Alvares da Silva, que coordena o laboratório.
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