São Paulo, sábado, 26 de novembro de 2005

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EMPREGO

Taxa atingiu 9% sob FHC e não baixou desse patamar, chegando a 9,7% em 2003

Sob Lula, país teve maior desemprego desde 1992

DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de desemprego do governo Lula em 2004 iguala a de 1998 (último ano do primeiro mandato de FHC), mas o petista em 2003 obteve o maior índice de desemprego desde 1992. Em seu primeiro ano de mandato, FHC enfrentou uma taxa de desemprego de 6,1% e deixou seu segundo mandato com índice 9,2%.
No primeiro mandato, a média da taxa de desemprego de FHC ficou em 7,5%. No segundo mandato de FHC, saltou para 9,3%. Em seus dois primeiros anos, a média de Lula foi de 9,4%. No primeiro ano de Lula, a taxa avançou ainda mais (9,7%), recuando para 9% em 2004, ano de maior vigor da economia desde 1994.
Dois fatores explicam a mudança de nível da taxa: as intensas alterações estruturais na economia brasileira provocadas pela abertura comercial, com ganhos expressivos de produtividade e corte de postos de trabalho, e o baixo crescimento econômico que marcou a segunda metade da década de 90 e o começo dos anos 2000.
Segundo Vandeli Guerra, do IBGE, a indústria teve de se modernizar para se adaptar à competição, demitindo mais ou contratando menos e elevando a produtividade. "Houve um forte ajuste do mercado de trabalho, que passou a gerar menos empregos." Como demanda serviços de outros setores, o ajuste da indústria se espalhou por toda a economia.
Essas transformações mexeram com a taxas de desemprego do Brasil. Seu maior salto foi de 1997 para 1998, governo FHC, quando passou de 7,8% para 9% sob efeito das crise do mercado internacional num momento de grande dependência externa. Nunca mais baixou do patamar dos 9% -de 92 a 96, oscilou entre 6% e 7%.
Mas o indicador que melhor ilustra a tendência do emprego, de acordo com Guerra, é o nível de ocupação -percentual de ocupados em relação ao total de pessoas com mais de 10 anos. O índice era de 57,5% em 1992. Chegou ao fundo do poço nos anos de 1998 (de crescimento pífio de 0,1%, na crise pré-desvalorização cambial) e 2001 (racionamento de energia), quando ficou em 54,8%. Em 2004, reagiu, junto com a economia, alcançando 56,3%. "Mas ainda não recuperou o nível dos início dos anos 90", diz Guerra.
No primeiro mandato de FHC (1995-1998), o PIB subiu 2,6% na média anual. No segundo, ficou em 2,1%. Sob os dois primeiros anos do governo Lula, o país cresceu 2,7%, puxado pelo bom desempenho de 2004 (4,9%).
Sônia Rocha, da FGV, diz que o mercado de trabalho mudou: o emprego hoje não cresce mais como antes por causa dos ganhos de produtividade dos anos 90. "Hoje, o impacto da alta do PIB sobre o emprego é menor. É um reflexo do ganho de produtividade."
O crescimento no número de empregos criados teve seu pico em 2002 (3,8%), último ano do governo FHC e fase de "boom" de exportações a agronegócio, favorecidos pelo fim do câmbio fixo. O resultado de 2004 (3,3%) foi o segundo melhor desde 1992.
Os dados da Pnad mostram ainda que as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho conseguiram se ocupar. A PEA (População Economicamente Ativa), que agrupa os desempregados e os empregados, cresceu menos (2,5%) do que a ocupação.


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