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CONSUMO
Proporção de casas onde só existe o aparelho
móvel aumenta de 7,8% para 16,5%, em 2004
Brasileiros substituem o telefone fixo pelo celular
DA SUCURSAL DO RIO
Em pouco tempo, o telefone celular será um item mais presente
nos domicílios brasileiros do que
o aparelho fixo. É o que indica a
Pnad de 2004, segundo a qual a
proporção de casas em que só
existiam celulares cresceu de
7,8%, em 2001, para 16,5%, no ano
passado. Tendência inversa é encontrada quando se analisa o percentual de residências que usavam apenas telefone fixo, que caiu
de 27,9% para 17,8%.
Cresce o número de domicílios
que possuem tanto celular quanto
fixo: eram 23,2% do total em 2001
e hoje são 31,8%. Com isso, a proporção de residências em que havia pelo menos um telefone, móvel ou convencional, continuou a
crescer, mas em ritmo mais lento
do que o verificado após a privatização da Telebrás, em 1998.
Em 1999, o percentual era de
37,6%. Em 2001, chegou a 58,9%.
Desde então, cresce a uma média
de dois a três pontos percentuais e
alcançou 66,1% em 2004.
"A telefonia fixa parece ter chegado a um limite de expansão. Já a
troca do fixo pelo celular é uma
tendência mundial, mas, no Brasil, é mais agressiva em razão do
baixo poder aquisitivo de uma
parcela expressiva da população,
que prefere manter apenas um
pré-pago e não ter que fazer assinatura de uma linha fixa", explica
o consultor e ex-ministro das Telecomunicações no governo FHC
Juarez Quadros do Nascimento.
De fato, a Pnad mostra que quase a totalidade (96%) dos domicílios onde havia apenas celular era
de famílias com renda inferior a
dez salários mínimos.
No entanto, na avaliação de Juarez Quadros, a troca do fixo pelo
celular não deve ficar restrita apenas aos mais pobres: "Esse fenômeno está ocorrendo até em países desenvolvidos. Mesmo sendo
um serviço mais caro, o celular
passa a ser um item de uso pessoal, que pode ser pendurado na
cintura e levado para qualquer lugar. Com isso, as pessoas acabam
prescindindo do telefone fixo,
que passa a ser usado mais para
conexão de computadores".
O IBGE mostra que o uso de internet nos domicílios, apesar de
ter aumentado, continua restrito
a uma minoria de 12,4% de residências. Nas 87,6% sem acesso à
internet, vivem 152 milhões de
pessoas -84% da população.
No rastro desses milhões de
brasileiros sem telefone ou internet, surgem serviços como o oferecido pelo argentino Carlos Serati, 60, que há quatro anos abriu
uma loja no Rio com cabines telefônicas e computadores.
"Esse tipo de estabelecimento é
muito comum na Argentina. Internet hoje é tão essencial quanto
o telefone, mas há muita gente
que não tem acesso à rede nem
em casa nem no trabalho. No caso
do telefone, como nem sempre os
orelhões funcionam ou estão em
bom estado, o cliente prefere o
conforto de uma cabine para fazer
suas ligações", diz Serati, que já
tem até franquia de sua loja.
O público de Serati é formado
por gente como o representante
comercial Lourival Manhães, 39.
Mesmo tendo computador com
conexão em casa, usa as cabines
de internet para acelerar os pedidos. "Antigamente, todos os pedidos de compra eram feitos por telefone. Hoje, é tudo pela internet e
não dá para esperar para chegar
em casa de noite", conta.
Outros bens
O acesso da população a outros
bens de consumo seguiu a tendência verificada em pesquisas
anteriores. Continua crescendo a
proporção de residências com televisão (90,3%), que desde 2001 tinha ultrapassado até o rádio
(87,8%) em termos de cobertura.
Outros itens com acesso quase
universalizado são fogões (97,5%)
e geladeiras (87,4%).
Para Sônia Rocha, economista
da Fundação Getulio Vargas, isso
mostra que a pobreza brasileira é
diferente da verificada em países
subdesenvolvidos: "Os pobres
brasileiros têm geladeiras e televisores em seus domicílios. Não é
uma pobreza africana. E o acesso
a esses bens mostra uma tendência de melhoria de longo prazo".
Outra tendência desde 2001,
ano do racionamento de energia,
é a diminuição da presença de
freezers e o aumento na proporção de geladeiras de duas portas
nos domicílios.
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