São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997.

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Os compradores
Interessados são sócios ou acionistas da própria Vale

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

A maioria dos integrantes dos consórcios que vão disputar o controle da Vale é formada por empresas ou fundações que são sócias ou acionistas da própria Vale (ver composição dos consórcios à pág.7). Uma delas, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), tem participação acionária na estatal.
A Vale participa do capital da CSN por meio da sua subsidiária Docenave (Vale do Rio Doce Navegação), com 9,85% da siderúrgica. É sócia da CSN com o grupo Vicunha, a Previ e o Bradesco. Os três são os principais idealizadores do Consórcio Brasil.
Caso vença o leilão, a CSN passará a deter participações, por meio da Vale, em algumas de suas concorrentes, pois a Vale tem participação na Usiminas e na Companhia Siderúrgica de Tubarão.
A Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, já é acionista da CST e da Usiminas, além de ser dona de 8,06% do capital ordinário da Vale. Os demais fundos de pensão do Consórcio Brasil são também acionistas da Vale.
A Petros (Petrobrás), a Funcef (Caixa Econômica Federal) e a Funcesp (Cesp), juntas, detêm 1,97% do capital ordinário da Vale.
A Companhia Suzano de Papel e Celulose é sócia majoritária da Vale na Bahia Sul Celulose. A Suzano detém 55% do capital da empresa.
A norte-americana Alcoa possui 8,58% do capital da MRN (Mineração Rio do Norte), no Pará, da qual a Vale é dona de 40%. Por meio da MRN, a Alcoa participa do capital da Alunorte, fábrica de alumina (alumínio básico) no Pará, controlada pela Vale.
Valecom
Do lado do Consórcio Valecom, todos os participantes têm algum tipo de relação com a Vale. A Votorantim, líder do grupo, é dona de 10% da MRN, por meio de sua controlada CBA (Companhia Brasileira de Alumínio).
A Anglo American é sócia da Vale na Salobo Metais, projeto de cobre e ouro em Carajás. Os fundos Sistel (Telebrás) e Centrus (Banco Central) detêm, juntos, 2,8% do capital ordinário da Vale.
A japonesa Mitsui, que se associou à brasileira Caemi, é sócia da Vale na empresa de navegação Nippon Bulkcarriers.
As 11 corporações japonesas que formam a Brasil-Japão Participações têm relações de sociedade ou de clientela com a Vale.

Desistências
Vários candidatos potenciais à compra da Vale ficaram pelo caminho no processo de formação dos consórcios. As principais ausências foram das grandes mineradoras de ferro australianas.
A regra que limitou a 10% do capital da SPE (Sociedade de Propósitos Especiais) a participação individual de grandes mineradoras de ferro foi, segundo o mercado, o motivo da ausência da BHP (Broken Hill Pty CO Ltd), quarta maior mineradora do mundo.
Entre as australianas, somente a Western Mining Holdings Ltd, 14¦ do mundo e pouco atuante na área de minério de ferro, veio ao Brasil consultar os dados da Vale, mas acabou desistindo do negócio.
As grandes corporações japoneses, que temiam a possibilidade de a Vale vir a ser controlada pelos australianos, seus grandes fornecedores, ao lado da própria Vale, relaxaram após a desistência e entraram no Consórcio Valecom com uma pequena participação.
No lado brasileiro, dois nomes muito fortes no início acabaram de fora: a Aracruz Celulose e o Bradesco. O interesse da Aracruz era na área de papel e celulose, mas como o edital impede a divisão da estatal por cinco anos, ela se desinteressou. O Bradesco, por ter participado da avaliação da Vale, não poderá comprar ações, ficando restrito a financiar os interessados.

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