São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997.

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SERRA PELADA
Garimpeiros reivindicam direito sobre área
Comprador herda conflitos no Pará

ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Curionópolis

O consórcio que assumir o controle da Vale do Rio Doce vai receber, além das 150 toneladas de ouro no subsolo de Serra Leste, em Curionópolis (PA), uma disputa com os garimpeiros remanescentes de Serra Pelada.
Serra Leste (630 km ao sul de Belém) engloba o garimpo de Serra Pelada, palco da maior corrida do ouro do Brasil, mas que hoje não lembra em nada aquele ``Eldorado'' que chegou a abrigar 100 mil garimpeiros.
No ano passado, um grupo de garimpeiros invadiu a área industrial da Vale em Serra Leste e paralisou as 13 sondas de prospecção instaladas no local.
Eles reivindicavam o direito de explorar uma jazida de ouro que está a 400 metros de profundidade. Uma ação conjunta do Exército, Polícia Militar e Polícia Federal liberou as sondas.
Mas os garimpeiros já avisaram que continuarão lutando pelo direito de garimpar ou de receber uma indenização.
A concessão da área em disputa pertence à Vale desde 74. Na década de 80, o presidente João Baptista Figueiredo destinou uma parte do terreno concedido à empresa aos mais de 100 mil garimpeiros instalados no local.
A concessão deveria ser renovada a cada quatro anos. Mas em 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello cassou o direito minerário dos garimpeiros. Juridicamente, eles são apenas posseiros das áreas dos barracos, por estarem na região há 16 anos.
Antes dos conflitos no ano passado, a Vale comprava os barracos por R$ 6.000,00. Depois, as negociações foram encerradas.
Segundo a empresa, cerca de 4.000 pessoas ainda vivem em 1.287 barracos em Serra Pelada. Segundo a comissão de moradores, são 8.225, em 2.350 barracos.

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