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Vale destinou R$ 343 mi a projetos sociais nas cidades onde atua
Empresa financiou criação de
hospitais e fábrica de cachaça
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Nos seus 55 anos de existência,
a Vale do Rio Doce financiou
projetos nos municípios em que
atua que vão da construção de
hospitais e uma fábrica de cachaça à restauração de igrejas.
Os recursos para essas atividades vinham da RDRI (Reserva
para o Desenvolvimento das Regiões de Influência), um fundo
constituído por até 8% do lucro
líquido da estatal para ser aplicado em vários projetos econômicos e sociais nos municípios
de influência da Vale.
É também uma forma de a Vale compensar os municípios pela degradação ambiental em
função da exploração mineral.
Novo fundo
A RDRI será extinta com a privatização e substituída por um
fundo administrado pelo
BNDES. O fundo será constituído por recursos do banco (R$
115 milhões) e pela transferência
de R$ 85,9 milhões da Vale.
Desde sua fundação, em 1942,
até 1995, a estatal investiu nos
municípios cerca de US$ 343
milhões, sendo que Minas Gerais e Espírito Santo ficaram
com cerca de 95% desse total.
Os recursos destinados a Mariana (MG) provocaram frases
deselegantes do presidente Fernando Henrique Cardoso e do
ministro Sérgio Motta (Comunicações) em relação a dom Luciano Mendes de Almeida,
ex-presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) e arcebispo da cidade.
``Dinheirinho''
``D. Luciano pode ficar tranquilo, porque o dinheirinho que
ele recebe, vai continuar recebendo'', disse FHC no final de
1996, em entrevista à Rede Católica de Rádio.
No dia 2 de abril, Motta foi na
mesma linha: ``Precisa manter a
Vale por quê? Para a CNBB e o d.
Luciano receberem a sua graninha?'' A origem dos comentários foi a posição contrária à privatização da CNBB.
Em Catas Altas (a 114 km de
Belo Horizonte) os recursos da
Vale ajudaram na construção de
uma fábrica de aguardente e de
farinha de mandioca, por sugestão da Associação Comunitária
do Bem-Estar da cidade.
A Vale utilizou recursos do
fundo para restaurar e recuperar
igrejas e monumentos históricos do século 18 em Minas Gerais. De 1980 a 1995 foram investidos cerca de US$ 3 milhões.
Aleijadinho
Uma das mais importantes
obras do barroco mineiro recuperadas pela estatal foi a igreja
de São Francisco de Assis, em
Ouro Preto, que data de 1766.
A igreja reúne algumas das
mais importantes obras do escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Em 95, a Vale destinou R$ 225
mil à recuperação da igreja de
Nossa Senhora da Conceição,
em Catas Altas.
Na mesma cidade, restaurou a
ala de retiro do Santuário do Caraça, antigo colégio seminarista
localizado em um parque.
Outras igrejas foram ou estão
sendo restauradas, como a Nossa Senhora do Bom Sucesso
(1724), em Caeté.
Na cidade estão obras atribuídas à fase jovem de Aleijadinho,
quando o escultor não havia ganhado fama, segundo Arlen
Martins Souza, 20, da equipe de
restauradores que trabalha na
igreja em Caeté.
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