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Governo dá
início à venda
do filé mignon
das estatais
GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília
A privatização da Vale do Rio
Doce marca o início de uma nova
fase do Programa Nacional de Desestatização: a venda das empresas
consideradas ``filé mignon''.
Ou seja: empresas lucrativas, de
grande valor ou que exploram as
fatias de mercado mais atraentes
para a iniciativa privada.
Depois da Vale, o governo inicia
a abertura do mercado de telefonia
celular (são esperados R$ 6 bilhões), que deve puxar a privatização de todo o setor de telecomunicações. Isso significa que as próximas privatizações importantes devem ser acompanhadas de ingresso de capital externo, o que é muito conveniente para o atual estágio
do Plano Real.
Também quer dizer que o PND
se tornará mais polêmico. No caso
da Vale, o governo foi atacado por
estar vendendo uma empresa que
lucrou R$ 632 milhões em 96. No
mesmo período, a Telebrás lucrou
R$ 3,2 bilhões.
Pelo que tem sido dito até agora,
a venda do sistema Telebrás seguirá algumas das regras já utilizadas
com a Vale: compras exclusivamente em dinheiro vivo e ação especial que permitirá ao governo
continuar interferindo nos rumos
das empresas.
O governo Fernando Henrique
Cardoso não privatizará, até 98,
outras duas megaestatais -a Petrobrás e o Banco do Brasil. Na
equipe econômica, porém, avalia-se que apenas conveniências
políticas mantêm as duas empresas sob o controle do Estado.
Recursos
A venda de estatais, concessões e
participações em outras empresas
rendeu ao governo o equivalente a
US$ 13,691 bilhões, segundo o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Esse valor compreende o período entre 91 e 96, quando 22 empresas foram privatizadas.
As privatizações atingiram os setores siderúrgico (US$ 5,561 bilhões), elétrico (US$ 2,716 bilhões), petroquímico (US$ 2,698
bilhões), ferroviário (US$ 1,25 bilhão) e fertilizantes (US$ 418 milhões), entre outros menos relevantes.
A participação de capital estrangeiro nessas operações não chega a
entusiasmar: apenas US$ 1,865 bilhão -só para comprar o Bamerindus, o inglês HSBC entrou com
US$ 930 milhões no país no mês
passado.
Dos recursos arrecadados, US$
8,631 bilhões foram em forma das
chamadas moedas ``podres''
-que são títulos de longo prazo e
pouca aceitação da dívida do governo. Dessa forma, o governo
abateu parte de sua dívida, mas
uma parte cujo custo é pequeno.
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