São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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BRASIL

Coreano Kim Young-joo prioriza papo a advertências

Árbitro da estréia tem estilo 'zen'

France Presse
O sul-coreano Kim Young-joo, que apitará a partida de estréia do Brasil na Copa-2002, participa de evento para árbitros do Mundial


DO ENVIADO A SEUL

Na sua estréia na Copa do Mundo, a seleção brasileira terá um juiz que quer ser "babá" dos jogadores e que, antes de mostrar um cartão, vai conversar como "um pai" com os atletas.
O sul-coreano Kim Young-joo, 44, vai dirigir Brasil x Turquia com um estilo "zen".
"Eu gosto de controlar o jogo com muita calma. Em campo, você acaba sendo o pai, a babá, a mãe e o irmão do jogador", diz o árbitro, que será o primeiro de seu país a trabalhar em uma Copa.
Pela filosofia de Kim, que serviu ontem de modelo para apresentar os uniformes que serão utilizados no Mundial, a primeira punição a um jogador que cometa um deslize disciplinar é um aviso verbal.
Só depois dessa conversa de "pai para filho" é que um cartão será mostrado. Para ele, uma palavra certa pode dar, em algumas situações, mais resultados para o bom desenrolar de uma partida de futebol do que um cartão.
Só que isso, na prática, será difícil de ser concretizado. Kim é fluente apenas na língua se seu país e "arranha" o inglês. Nem brasileiros nem turcos têm intimidade com o idioma coreano, e, na seleção brasileira, só Juninho, que atuou na Inglaterra, entende bem a língua do país europeu.
O juiz coreano também diz ter especial atenção com jogadores que sofrem contusões. "Quando um atleta está no chão, é importante saber como ele está. Eles precisam de apoio", afirmou Kim, um dos mais requisitados em entrevista promovida pela Fifa com todos os árbitros do Mundial.
Questionado sobre o estilo dos brasileiros, o coreano não fez comentários. No entanto, nesse caso, não deixou de seguir a nova cartilha da arbitragem, que é enérgica com jogadores que simulam faltas, caso de alguns dos atletas do time de Luiz Felipe Scolari, treinador cujo estilo de muitos gritos na beira do campo é desconhecido por Kim.
"Qualquer simulação, em qualquer parte do campo, será punida com o amarelo", frisou ele, que vai se aposentar no final do ano e pretende depois seguir a carreira de instrutor de árbitros.
O juiz da estréia brasileira na Copa tem pouca experiência internacional. Suas competições mais importantes até hoje foram um Mundial sub-17 e a Copa das Confederações de 1999.
Segundo Kim, sua carreira só não atingiu patamares mais altos por desentendimentos com os dirigentes da federação coreana, que fizeram com que ele ficasse afastado do apito por um tempo.
O estilo de muita conversa e poucos cartões de Kim irá beneficiar jogadores mais faltosos. No caso do Brasil, saem ganhando o lateral Cafu e o volante Emerson.
Segundo o Datafolha, eles são, entre os titulares da equipe, os mais violentos. O primeiro, na era Scolari, tem média de 4,3 faltas por jogo, enquanto o segundo faz 3,5 infrações por partida.
Já no caso das simulações de faltas, Rivaldo é o brasileiro com mais motivos para se preocupar. O meia-atacante sofre, na seleção de Scolari, 3,7 faltas por jogo.
Depois de Kim, o Brasil terá pela frente, no jogo contra a China, o sueco Anders Frisk, considerado muito mais rigoroso na distribuição de cartões. (PAULO COBOS)


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