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OUTRO LADO
Congressistas mal avaliados afirmam que levantamento não reflete a realidade política
Menos atuantes criticam critérios
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A maioria dos deputados e senadores considerados menos
atuantes pelo levantamento da
Folha discorda dos critérios da
avaliação. Alguns relatam dificuldades no exercício do mandato,
outros afirmam que conseguem
recursos federais para suas bases
eleitorais, outros dizem que os
critérios são técnicos e não refletem a realidade política. Leia abaixo as explicações de cada um.
Alcione Athayde (PSB-RJ), deputada: "Sou médica pediatra e
dediquei meu segundo mandato
aos jovens. Qual deputado federal
tem maior número de projetos
apresentados para a área da juventude do que eu? Tive aprovado
apenas o projeto de lei que cria o
Dia da Juventude, sancionado pelo presidente no dia 11 de julho,
mas tenho outros projetos que estão tramitando e têm recebido pareceres favoráveis em todas as comissões. Apresentei o projeto que
dá incentivos fiscais a empresas
que contratarem jovens e o que
regulamenta as academias de artes marciais".
Eliseu Moura (PPB-MA), deputado: "Essa avaliação leva em conta os recursos que liberei na Comissão de Orçamento para os
municípios maranhenses e mesmo para o Estado? Leva em conta
os recursos que liberei nos ministérios? Não? Então não está correta. A avaliação tem de ter critérios
globais. Vocês sabem a responsabilidade que têm, não é, porque
podem ser penalizados por isso".
Glycon Terra Pinto (PMDB-MG), deputado: o deputado está
em campanha e não foi localizado. Seu irmão Daniel afirmou que
ele só se ausenta da Câmara quando tem compromisso com o governador de Minas ou com prefeitos. Sempre que isso acontece, o
deputado informa com antecedência o líder do seu partido e o
presidente da Câmara, justificando sua ausência, de acordo com o
seu irmão.
Roberto Rocha (PSDB-MA),
deputado: "Meu trabalho está
voltado para as bases, tento conciliar a atividade legislativa com o
corpo-a-corpo no Estado. Minhas
dificuldades são imensas, porque
a família Sarney detém o poder
político e econômico no Estado,
além do monopólio das comunicações. É muito difícil romper essa barreira. Fiz uma opção política: mudar a realidade do meu Estado. Considero minha frequência na Câmara razoável, mas compreendo que poderia dar mais de
mim ao trabalho legislativo. Se
fosse candidato à reeleição eu seria o deputado mais votado do Estado, mas me candidatei a governador porque o mais importante
para mim é tentar mudar o Maranhão".
José Priante (PMDB-PA), deputado: "Respeito a Folha pelo
melhor jornalismo do Brasil, mas
essa avaliação é complicada. O
critério de vocês é assiduidade e
não atuação.
Houve um ano em que fui relator de Infra-Estrutura e Orçamento, passei seis meses debruçado
nisso e, por ter faltado sessões de
comissões, tive uma avaliação
ruim.
Os critérios são muito superficiais e não refletem a realidade. Eu
represento um Estado que tem
uma demanda em infra-estrutura
muito grande e sou reconhecido
como o deputado que mais conseguiu obras para o Pará.
José Teles (PSDB-SE), deputado: "Eu tirei licenças particulares
e durante esses períodos não recebi nenhuma remuneração. As licenças médicas se devem a um
problema de circulação nas pernas, que me impede de andar, e
tenho de ficar com os pés para cima. Quanto às relatorias, não dependem mim, mas do presidente
da comissão, que tem seus deputados preferidos".
José Mendonça Bezerra (PFL-PE), deputado: "Eu posso ser menos atuante em um sentido. Mas uma prova de que a avaliação não
é correta é o seguinte: do que
adianta eu, como representante
do povo, ir para a tribuna fazer
discursos se isso fica só nos anais
da Casa?
Estou no 10º mandato e, em todas as minhas votações, o número
de votos é crescente, o que significa que estou correspondendo às
expectativas dos que confiaram
em mim.
Tenho desempenhado meu papel com muita tranquilidade e,
modéstia à parte, com muita
competência. O que interessa é
que, nesta eleição, terei mais de
100 mil votos".
Osvaldo Coelho (PFL-PE), deputado: "Quem é esse tribunal? É
o povo? São os jornalistas? São os
políticos? Esse julgamento é muito equivocado, parte de bases
muito falsas. Vocês já classificaram como atuantes pessoas que
são vaiadas todos os dias por aqui.
A forma de julgar o parlamentar é
diferente dessa estatística fria.
Sou um deputado "distrital",
atuo para a minha região e sou
julgado pelos meus eleitores. Tenho sete mandatos, vou para o oitavo. Minha atuação parlamentar
não é estatística, é de resultado.
Tenho duas bandeiras: educação
e irrigação".
Yvonilton Gonçalves (PFL-BA), deputado: "Reconheço que
não tive boa atuação durante meu
mandato dentro da Câmara. Não
fui eleito, fui suplente e, de acordo
com o regimento, como suplente
eu fico impedido de uma série de
coisas, como participar de Mesa
Diretora, exercer liderança ou ser
presidente de CPI. Fiquei limitado à Comissão de Comunicação e
ao plenário.
Acredito que, em decorrência
disso, fui extremamente prejudicado. Mas tenho me dedicado a
levar investimentos e recursos para o meu município. Tenho uma
atuação boa extra-Câmara. Quero
me eleger como titular para recuperar o tempo perdido e tentar fazer uma boa atuação".
Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), senador: "Durante cinco
anos fui presidente nacional do
PSDB -o partido do presidente
da República e que tem diversos
governadores-, o que me obrigou a viajar muito. Cruzei o Brasil
três vezes. Essa atividade afetou
meu dia-a-dia no Congresso. Em
Alagoas, sou disparado o parlamentar que mais obras e recursos
viabilizou para o Estado. Os programas sociais do governo federal
atuam em maior número em Alagoas do que em outros Estados.
Consegui, junto com o senador
Renan Calheiros (PMDB-AL), retomar a construção do Canal do
Sertão, que ficou 15 anos parado,
e investimentos de R$ 86 milhões
para levar água aos pequenos municípios. Para meu povo e meu
eleitor, tive uma atuação muito
forte".
Alberto Silva (PMDB-PI), senador: sua assessora Lúcia Bucar
deu a seguinte resposta: "A atuação do senador Alberto Silva é totalmente voltada para as necessidades reais do país, que são trabalho, alimento, energia, educação e
saúde, e aos problemas do semi-árido nordestino. Os critérios de
avaliação deste caderno parecem-me alienados, cômodos ou simplistas. O senador Alberto Silva
não só conhece todas as dificuldades nacionais como tem espírito
criativo raro, é um gênio".
Gilvam Borges (PMDB-AP),
senador: "Tenho uma atividade
muito intensa como coordenador
de bancada e da comissão de Orçamento e meu desempenho não
pode ser comparado ao dos congressistas que passam o dia falando no Senado. São pessoas sem
trânsito nos ministérios e que não
vão em busca de recursos para os
municípios. Faço uma política de
resultados, que busca recursos
nos ministérios. Há parlamentar
que só fica na tribuna e participando de comissões. Muitas vezes
os que têm mais presença são justamente os mais acomodados".
Lúdio Coelho (PSDB-MS), senador: "Efetivamente, não tenho
apresentado projetos de lei porque não entendo a necessidade de
leis novas, e sim que se cumpram
as existentes. Trabalho nas comissões, apóio o governo de Fernando Henrique Cardoso, pois avalio
que o caminho para o país seja este. As emendas que tenho apresentado ao Orçamento são liberadas e destinadas a prefeituras do
meu Estado bem administradas e
sérias. Voto seriamente e penso
que cumpro adequadamente meu
mandato. Não sei no que os discursos possam ser úteis ao país".
Lauro Campos (PDT-DF), senador: "Não esperava outra coisa.
Na grande imprensa chapa-branca, na qual incluo a Folha, minha
avaliação só poderia ser essa. A
minha avaliação da Folha é pior
do que a que vocês fazem de mim.
Sou comunista e marxista, foi
uma avaliação ideológica. Estou
tranquilo, no final do ano terei
publicado 2.000 páginas de discursos feitos de improviso, quando vejo senadores lendo na tribuna discursos preparados por seus
assessores. Estou lutando contra
o endividamento externo e o
FMI".
A Folha tentou ouvir os deputados Nicias Ribeiro, Mário de Oliveira, Paulo Marinho, Airton Roveda e Vittorio Medioli no período de 19 a 23 de setembro, quando
este caderno foi impresso. Vários
recados foram deixados com funcionários e parentes, segundo os
quais os deputados estavam em
campanha no interior de seus Estados e não poderiam ser localizados.
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