|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BALANÇO
Governistas destacam aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal; oposição, escândalos éticos
Congressistas avaliam legislatura
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Governistas e oposicionistas divergem quanto ao balanço do desempenho do Congresso Nacional na atual legislatura (fevereiro
de 1999 a janeiro de 2003).
Para congressistas do PFL, do
PMDB e do PSDB, um dos maiores feitos foi a aprovação da Lei de
Responsabilidade Fiscal, que regula gastos das três esferas da administração (União, Estados e
Distrito Federal e municípios) e
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
"Essa foi a lei mais importante
para o país votada nos últimos
anos. Acabou com a farra do dinheiro público", afirmou o presidente do Senado -que também
preside o Congresso-, senador
Ramez Tebet (PMDB-MS).
"Para um Congresso que aprovou a Lei de Responsabilidade
Fiscal, só posso dar nota dez", disse o presidente do PFL, senador
Jorge Bornhausen (SC). "Essa lei
foi uma revolução em finanças
públicas para o país", definiu o líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior (BA).
Na opinião do líder do PT na
Câmara, deputado João Paulo
Cunha (SP), a aprovação da Lei de
Responsabilidade Fiscal deve ser
"relativizada". O PT foi contra a
proposta. "É uma lei importante,
mas não mudou a vida das pessoas. O papel do Congresso seria
dar o suporte da responsabilidade
fiscal, que é a responsabilidade
social", disse.
Para o petista, o Congresso ficou marcado "mais por questões
de negação do que de afirmação",
como a comprovação da violação
do painel eletrônico do Senado,
que quebrou o sigilo da sessão
que cassou o mandato de Luiz Estevão, em 2000. O episódio provocou a renúncia dos ex-senadores
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (DF),
então no PSDB.
Outros episódios destacados
pelo líder do PT foram o confronto entre ACM e o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) -que,
por motivos diferentes, também
renunciou para escapar de processo de cassação- e o processo
que culminou na inédita cassação
de um senador -Luiz Estevão, à
época integrante do PMDB do
Distrito Federal.
"Tudo isso foi um triste espetáculo para a vida do Parlamento
brasileiro. Acho que esses episódios acabam sobressaindo no balanço dos quatro anos", disse.
MPs
O presidente do PPS, senador
Roberto Freire (PE), e o vice-líder
do governo no Senado, Romero
Jucá (PSDB-RR), consideram a
produção mais importante do
Congresso Nacional nesta legislatura a aprovação da emenda
constitucional que regulamentou
a edição e a votação das medidas
provisórias.
"Essa nova regra equilibrou os
poderes da República. E resolveu
um problema que não era resolvido por omissão do Legislativo",
disse Freire. Para Jucá, as novas
regras para as MPs fortaleceram o
Legislativo e mudaram a relação
entre esse Poder e o Executivo.
Um momento "positivo" do
Congresso, na opinião do líder
petista João Paulo, foi a união de
deputados e senadores de todos
os partidos políticos para discutir
um pacote de projetos para o
combate à violência.
O líder do PFL no Senado, José
Agripino (RN), afirmou que o
Congresso aprovou muita coisa
importante nesses quatro últimos
anos, mas deixou um "grande vácuo": a não votação de uma reforma do sistema tributário, por falta
de consenso entre União, Estados
e municípios em torno do novo
modelo.
"Como não foi enfrentada no
início do governo Fernando Henrique Cardoso, depois não houve
mais condições políticas para votar. A realização de uma reforma
tributária tem que ser tarefa prioritária no início do próximo governo", disse.
De positivo, além da Lei de Responsabilidade Fiscal, Agripino citou a instituição do Fundo de
Combate à Pobreza -a iniciativa
original da proposta foi de
ACM-, o início da tramitação da
reforma do Poder Judiciário (cuja
votação ainda não foi concluída
no Senado), a modernização do
Código Civil e a apreciação pelo
Senado de algumas propostas da
reforma política que se encontram na Câmara.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Líder do PDT vê 'evolução democrática' Índice
|