São Paulo, quinta, 29 de janeiro de 1998

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RIO
Prefeito Luiz Paulo Conde diz que permitiu realização do evento 'mesmo sem as condições ideais'
'Não queria perder o show para SP'

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

O prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde (PFL), assumiu ontem que a prefeitura teve responsabilidade no engarrafamento monstruoso que atingiu a cidade, na terça-feira, a partir das 16h30, desde o centro até o autódromo Nelson Piquet, em Jacarepaguá (zona oeste), onde aconteceu o show do U2.
O engarrafamento durou cerca de quatro horas. Todas as ruas perto do autódromo foram interditadas. Para chegar ao show, os motoristas estacionavam em qualquer lugar. Muitas pessoas não conseguiram chegar, e outras só chegaram ao final do show.
"Subestimamos o evento, mas a produção do show também tem responsabilidades, já que não nos informou sobre o que precisava."
O prefeito disse que, na última sexta, foi marcada uma reunião para decidir o planejamento de trânsito, mas que ninguém da organização do evento compareceu.
"Pretendíamos fazer um esquema de estacionamento descentralizado em shoppings da região, onde teriam ônibus circulares que levariam as pessoas até o autódromo, mas a produção do show ignorou completamente a questão do trânsito", disse o secretário de Trânsito do Rio, Paulo Afonso.
Em entrevista coletiva na madrugada de ontem, o produtor do show, Franco Bruni, eximiu-se da responsabilidade sobre os problemas de trânsito.
O secretário disse que foi advertido pelo coordenador de Regulamentação Viária da Secretaria Municipal de Trânsito, coronel Raimundo Brito, de que "seria arriscada a realização do evento".
"Mas resolvemos atender o pedido de José Moraes, secretário de Esporte e Lazer, que solicitou que fizéssemos um esforço, mesmo não tendo sido cumprida nenhuma das normas necessárias a um evento dessa magnitude", disse Paulo Afonso.
O secretário informou que deslocou 60 operadores de trânsito de outras regiões da cidade para o local do show.
O secretário também atribui "parte do engarrafamento" à queda de um poste na estrada do Joá, uma das vias de acesso à Jacarepaguá, e à mudança de última hora do local do show do Maracanã para o autódromo.
"Não queríamos perder o evento para São Paulo, por isso permitimos a realização do show mesmo sem as condições ideais", disse o prefeito.
Mesmo assumindo parte da responsabilidade dos transtornos no trânsito anteontem, Luiz Paulo Conde disse que "quem não conseguiu chegar e quiser receber o dinheiro do ingresso deve procurar a produção do show".
"A prefeitura não vai assumir isso, até porque não sei a que horas as pessoas saíram de casa", disse o prefeito.



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