São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 2002

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BALANÇO

Açúcar e carne puxam exportações

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O lema "exportar ou morrer", conclamado pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), no ano passado, fez com que o setor agropecuário acumulasse a marca de 40,9% do total de exportações em 2001, segundo dados atualizados recentemente pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Dos principais produtos, açúcar e carne, tiveram os melhores desempenhos.
Foram enviadas ao mercado externo 11,3 milhões de toneladas de açúcar em 2001, 71,2% a mais que no ano anterior.
A carne somou 2,1 milhões de toneladas exportadas, contra 1,45 milhão de toneladas em 2000.
A citricultura, principal atividade econômica em mais de 300 municípios de São Paulo e de Minas Gerais, também registrou um bom desempenho.
As frutas brasileiras trouxeram US$ 214 milhões ao país no ano passado, segundo o Ibraf (Instituto Brasileiro de Frutas).
O valor é quase o dobro da receita obtida há três anos, US$ 119 milhões.
O setor de insumos agropecuários também registrou crescimento de 4,16% em 2001.
A receita dos agronegócios acumulou US$ 19 bilhões no ano passado -28,4% a mais do que em 2000-, com volume exportado de 55 milhões de toneladas.
Gastos com importação caíram 16,3%, passando de US$ 5,2 bilhões para US$ 4,4 bilhões.

Destaque negativo
O café e o suco de laranja foram o destaque negativo na pauta das exportações agropecuárias brasileiras.
O aumento nos estoques mundiais de café manteve os preços externos baixos, com redução de 22,55% no valor exportado do produto.
O suco de laranja acumulou queda de 20,28% nas exportações, em relação a 2000.

Previsão
"O ano passado foi excepcional, mas 2002 não deve ser muito animador. Continuamos com um cenário de preços suprimidos", analisa o chefe do Departamento de Comércio Exterior da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Antônio Donizete Beraldo.
Segundo ele, o desempenho nas exportações brasileiras é resultado de uma soma de fatores que não devem se repetir.
Entre eles estão a crise argentina e a doença da vaca louca, que atingiu a Europa no ano passado e ajudou a impulsionar as exportações brasileiras de carne.
A quantidade exportada de carne brasileira gerou US$ 2,9 bilhões em vendas externas.
Outro fator foi o aumento da produção de grãos, que alcançou 98,5 milhões de toneladas no ano passado.
O número representa um crescimento de 18,38% em relação a 2000, segundo dados do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mais protecionismo
Em setembro, a agricultura brasileira também deve sofrer impacto com a nova lei agrícola norte-americana.
Segundo Donizete, a nova "Farm Bill" pode gerar investimentos de US$ 172 bilhões em proteção para o setor, nos próximos dez anos.
A nova lei quer instituir programas de conservação ambiental, que devem retirar do processo produtivo em torno de 40 milhões de acres de áreas consideradas frágeis.
Os produtores rurais norte-americanos receberiam um pagamento para a conservação e manejo de terras em uso produtivo. (TATIANA UEMURA)


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