|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BIOTECNOLOGIA
Transgênico agrada homem do campo
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A maioria dos produtores
(79%) é favorável aos transgênicos, segundo pesquisa realizada
pelo instituto Vox Populi.
Para eles, a liberação não deverá
demorar, já que o Brasil vem perdendo espaço no mercado internacional ao competir com alimentos geneticamente modificados atualmente em comercialização nos Estados Unidos, Canadá,
Argentina, Japão e em alguns países europeus.
Hoje, 22 culturas vêm sendo
plantadas em escala comercial no
mundo, com destaque para a soja,
o milho e o algodão.
A maioria delas tem um custo
de produção mais baixo, pois é
mais resistente a pragas e dispensa o uso de agrotóxicos, que é hoje
um dos principais gastos dos produtores brasileiros.
Estima-se que, ao somar as
áreas plantadas de soja dos Estados Unidos e da Argentina, 50%
seja transgênica.
No Brasil, os transgênicos estão
liberados apenas para pesquisas
feitas por entidades com CBQ
(Certificado Brasileiro de Qualidade), concedido pela CTNBio
(Comissão Técnica de Biossegurança).
De acordo com a Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), os investimentos
públicos em pesquisa de transgênicos somam aproximadamente
US$ 40 milhões por ano.
A China é o país em desenvolvimento que mais investe em biotecnologia, injetando US$ 112 milhões por ano nesse setor.
Questão de mercado
Para o pesquisador do departamento de engenharia genética da
Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Carlos
Alberto Labate, é o mercado
quem pressionará o Brasil a liberar ou não os alimentos geneticamente modificados.
"Os transgênicos são um produto como outro qualquer. O
produtor só terá de analisar o
mercado a que atenderá para ver
se o produto é aceito. Mas uma
opção não exclui a outra, quanto
mais mercados abrangidos, melhor", afirmou o pesquisador.
Na Europa, os transgênicos são
considerados solução ao país, que
importa principalmente soja -15
milhões de toneladas por ano.
Porém a rejeição a organismos
geneticamente modificados por
parte dos consumidores chega a
70%, o que pode ser um bom
mercado para soja convencional.
Segundo Labate, a resistência se
deve à tradição européia arraigada, que repele a aceitação de inovações, como no caso dos transgênicos. A CTNBio defende que
os transgênicos colocarão o Brasil
no mesmo patamar de países desenvolvidos.
Para o órgão, a importância da
liberação está vinculada ao desenvolvimento de medicamentos e à
melhora na qualidade e quantidade da produção do país.
Labate diz que as pessoas se esquecem da agricultura convencional que consomem, cheia de
agrotóxicos.
"A discussão tem que ser sobre
a qualidade do alimento, independentemente se é transgênico
ou não. Hoje, temos uma produção agrícola sujeita a agroquímicos e isso não é melhor que cultivar transgênicos", afirmou.
A área destinada ao cultivo de
transgênicos no mundo só tem
aumentado. Em 1996, 1,7 milhão
de hectares era destinado a esse tipo de plantação.
No ano passado, foram 52,6 milhões de hectares, um aumento de
19% em relação a 2000, segundo a
ISAAA (International Service for
the Acquisition of Agri-biotech
Applications). Até hoje, nenhum
estudo comprovou a possibilidade de danos à saúde a curto prazo.
Cronologia
O julgamento do projeto de lei
que libera comercialmente sementes geneticamente modificadas no país está parado no TRF
(Tribunal Regional Federal).
Em 1998, a empresa de biotecnologia agrícola Monsanto pediu
à CTNBio a liberação da comercialização de soja transgênica.
O Idec (Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor) e o
Greenpeace obtiveram na Justiça
liminar que proibia o cultivo de
transgênicos sem o EIA (Estudo
de Impacto Ambiental).
Em fevereiro, a juíza Selene Maria de Almeida votou a favor da
Monsanto e da União. Faltam os
votos de mais dois juízes para a
sentença.
(TATIANA UEMURA)
Texto Anterior: Agribusiness: Ribeirão Preto quer ser pólo agrícola Próximo Texto: Biodiesel é alternativa barata a pequenos Índice
|