São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 2002

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AGRIBUSINESS

Ribeirão Preto quer ser pólo agrícola

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Antes era só um slogan. Agora, a cidade de Ribeirão Preto vai oficializar o título de capital brasileira do agronegócio.
A cidade deverá abrigar um centro físico de decisões, que pretende dar uma guinada no setor e até mesmo servir como referência mundial.
O prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci Filho (PT), aprovou o projeto no começo do mês.
Ele aproveita a Agrishow para apresentar a campanha oficialmente a alguns candidatos à eleição presidencial, que deverão estar presentes na feira para debater os compromissos com a agropecuária.
De acordo com a prefeitura, a campanha não pretende criar um novo título para a cidade, mas sim "ratificar uma realidade econômica vigente no setor agrícola da região".
Cacife a região possui. Ribeirão Preto e as cidades ao seu redor representam 14% da área cultivada do Estado de São Paulo e também lideram a produção mundial de cana-de-açúcar, açúcar e álcool, de acordo com dados da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto).
A região é também a maior produtora estadual de alimentos e de leite e derivados.
A renda agrícola em 2001 foi de R$ 7,7 bilhões, o equivalente a 9,19% do PIB (Produto Interno Bruto) do setor.
"Claro que há cidades com desempenho fenomenal em algumas culturas, mas é em Ribeirão onde estão os centros decisórios de muitas empresas e produtores", diz o coordenador do projeto idealizado pelo Pensa (Programa de Agribusiness da USP), em Ribeirão, Marcos Fava Neves, 33.
Ele também ressaltou a posição estratégica da região, que é cortada por cinco rodovias e funciona como um entroncamento para interior paulista, Sul do país e Estados de Minas Gerais e de Goiás.

Mais representação
De acordo com Neves, a proposta é fortalecer ações coletivas que aumentem o poder de influência nas negociações internacionais.
"O Brasil evoluiu bastante na sua integração entre os elos da cadeia produtiva, tecnologia e transporte. Não tem jeito, todo mundo tenta proteger seu quinhão. Na área internacional, o país precisa endurecer mais nas negociações. Para isso, tem que estar preparado", afirma.
As entidades do setor, que estão dispersas, deverão ser reunidas com o objetivo de montar uma rede de capacitação e informações sobre o agronegócio.
Entre elas estão as universidades, centros de pesquisa e associações de produtores presentes na região, como a Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos).
O reforço não deverá ser dado apenas aos tradicionais produtores de citros e cana. Os pecuaristas também devem ser beneficiados.
"Estamos próximos aos dois principais frigoríficos exportadores, o de Lins e o de Barretos", diz. "Mesmo não tendo os maiores rebanhos, a região tem vários pecuaristas importantes e não há uma boa discussão no setor."
A prefeitura não falou em valores a serem investidos no projeto. Conforme o superintendente da Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto), Juscelino Antonio Dourado, a ajuda será concedida em infra-estrutura e linhas de financiamento, depois de uma análise sobre cada caso.
"Colocamos todo o apoio estrutural e nos comprometemos a contribuir com o que for necessário para as entidades que quiserem permanecer ou se mudar para a região", declara.
"Vamos apresentar as vantagens principalmente para quem esteja em processo de redefinição de atividades e queira investir no agronegócio."

Vantagens
A oficialização do título de capital do agronegócio deve render a Ribeirão Preto novos investimentos e mais empregos, na previsão dos idealizadores.
O projeto foi criado pelo Pensa, com participação da ACI-RP, da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) e da Coderp.
Hoje, cerca de 7% da população local está empregada no setor, que representa 42% da renda econômica regional.
A união de associações, pesquisadores e produtores deverá estar consolidada e em pleno funcionamento em no máximo cinco anos.


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