São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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MUDANÇA DE ESTRUTURA

Arquidiocesano se moderniza e supera crise que afeta católicas

DA REPORTAGEM LOCAL

Fundado em 1858, o colégio marista Arquidiocesano é o mais antigo a figurar na pesquisa Datafolha. Mas essa não é a única proeza da escola da Vila Mariana.
O colégio da congregação dos irmãos maristas conserva elevado o número de alunos (são 1.054 matriculados só no ensino médio) enquanto outras escolas ligadas a ordens católicas registram queda na procura por vagas.
Desde 1996, a Anamec (Associação Nacional de Mantenedoras de Escolas Católicas do Brasil) observa o fechamento de, em média, três escolas por ano no país.
Como o Arqui consegue subverter essa realidade?
A diretora Isabel Azevedo atribui o sucesso ao "alinhamento com a vanguarda da educação".
Nos últimos anos, a escola vem promovendo alterações importantes em sua estrutura, algumas visando especialmente ao vestibular. A distribuição dos conteúdos do ensino médio foi modificada para que o último semestre do terceiro seja só para a revisão.
O material didático adotado, somente no último ano do médio, é fornecido pelo cursinho Anglo.
Mais: a escola iniciou neste ano a terceira série integral. Além das aulas regulares pela manhã, os alunos almoçam e têm preparo complementar durante a tarde.
"No começo, fiquei bem cansado, mas agora já peguei o jeito", diz Matias Chiarastelli Salomão, 16, que vai prestar medicina.
Segundo os alunos, a opção é menos puxada que o cursinho. No ano passado, entretanto, 80% dos alunos do Arqui pesquisados fizeram pré-vestibular.
A escola adotou também o ano letivo dividido em três trimestres, que, de acordo com a coordenação, dá ao aluno mais tempo para passar pela recuperação. Antes mesmo das provas, na primeira semana de aula, é feita uma avaliação de sondagem. Quem demonstrar dificuldade já entra para a recuperação preventiva.
Outra mudança foi no sistema de avaliação -a nota deu lugar ao conceito.

Religião
Apesar dessas inovações, o colégio mantém um pé na tradição. Em todas as séries, são dadas aulas de ensino religioso sem o objetivo de catequização.
"É formação humanista, que passa valores que estão acima de qualquer religião ou são válidos para todas", explica a diretora.
A imagem do padre francês Marcelino Champagnat (1789-1840), que fundou a ordem marista em 1817 e foi canonizado em 1999, é onipresente. O retrato dele está em todas as salas.
"O aluno não precisa confessar a fé católica, mas deve respeitar nossas imagens e rituais", afirma.
A capela se destaca no pátio central do belo edifício em estilo clássico, erguido entre as décadas de 1920 e 1930 (antes a escola ficava na avenida Tiradentes, centro).
A imponente construção ocupa praticamente todo o quarteirão em frente à estação de metrô Santa Cruz. Ao prédio original foram acrescidos anexos, quadras, ginásios, piscina coberta e até uma academia de ginástica.
Parte do espaço é usado para oferecer, fora do horário de aula e com pagamento à parte, atividades abertas a alunos e pais.
Há aulas de línguas (inglês, espanhol, italiano, francês e japonês), modalidades esportivas e atividades artísticas. (TN)


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