FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Fundado em 1878 pela colônia alemã, o colégio Visconde de Porto Seguro está entre os mais tradicionais de São Paulo. A escola se dedica a criar uma ponte entre as culturas e os valores alemães e brasileiros e, apesar de concentrar crianças e jovens de ascendência alemã, hoje tem grande parte do alunado sem raízes germânicas.
Suas quatro unidades somam mais de 10 mil alunos espalhados em grandes áreas verdes.
Conhecido pela disciplina rígida, o colégio adotou o lema "liberdade responsável, sem liberalidade": exige pontualidade e uniforme, cobra bastante empenho nos estudos e proíbe carinhos entre namorados mesmo no recreio.
Nem todos os alunos dão conta do recado. Anualmente, por falta de adequação pedagógica ou de comportamento, alguns estudantes são "encaminhados" para outras escolas -eufemismo para o afastamento do colégio.
Diante dessa rigidez, os alunos ficam divididos. Criticam o controle excessivo dos estudantes, mas reconhecem os resultados do método na hora do vestibular.
É o caso de Rodrigo Corrêa Sonnewend, 18, que acha o rigor disciplinar exagerado quando lembra que uma professora lhe chamou a atenção por não estar com a barba feita, mas elogia as regras de conduta que o fizeram estudar por conta própria para o vestibular. "O colégio me deu base para decidir dar um tempo nas baladas e estudar mais para entrar na faculdade direto. Deu certo", conta ele, aprovado no concorrido vestibular da Fundação Getúlio Vargas.

Aulas de aprofundamento
Além do bom desempenho no vestibular de 2005 da USP, o Porto Seguro afirma colocar alunos de sua unidade de Valinhos em vagas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e, nos últimos quatro anos, foi uma das instituições que mais aprovaram na Fundação Getúlio Vargas, segundo a própria FGV.
Mesmo diante dessa performance, a diretora-geral do colégio, Mariana Menoita Battaglia, reitera o discurso apresentado por 9 entre 10 colégios de ponta: "Não temos como meta só o vestibular. Nossa educação tem um sentido mais amplo".
"Preparamos o aluno também para o vestibular, mas não descuidamos de sua formação cultural", completa Celina Cattani, diretora da unidade Morumbi do Porto.
Para isso, o colégio investe em palestras e em aulas de aprofundamento. "São atividades que acontecem à tarde e aos sábados, e sempre contam com grande participação", conta Cattani.
"Hoje sabemos que só a grade escolar obrigatória não contempla todo o conhecimento necessário aos jovens. Por isso criamos outras atividades para ampliar seus conhecimentos. Quanto mais diversificadas as oportunidades de aprendizado, melhor será a preparação do aluno."
Entre os cursos de aprofundamento da escola estão os de matemática financeira, de desenho geométrico e até de oratória.

A, B, C
O Porto Seguro oferece três tipos de currículo. O do tipo "A" é em português, mas inclui outros três idiomas na grade de aulas: alemão, inglês e espanhol.
O currículo "B" é o bilíngüe, com aulas em alemão. Compatível tanto com as exigências da legislação educacional brasileira e alemã, esse currículo permite que o aluno faça universidade no Brasil ou na Alemanha.
O currículo "C" é exclusivo para jovens de Paraisópolis, favela vizinha à principal unidade do Porto Seguro, e apelidado de Escola da Comunidade. Há mais de 30 anos, o currículo atende, de graça, a cerca de 700 crianças e jovens de Paraisópolis, que dispõem dos mesmos professores dos demais alunos, mas permanecem em salas separadas, ao lado dos seus. (FM)


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