São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FORMAÇÃO CRISTÃ

São Luiz é cauteloso na corrida do vestibular

DA REPORTAGEM LOCAL

O colégio São Luís tem como pilares de seu projeto pedagógico o aprendizado acadêmico e a formação cristã.
O primeiro é bem pragmático e está interessado em preparar o aluno para os conteúdos exigidos pelos vestibulares. A segunda, por sua vez, está interessada não só em transmitir noções religiosas como pretende que o aluno desenvolva um olhar crítico sobre o mundo. Diante da concorrência, o colégio tem uma atitude de cautela e se esforça para não deixar que a corrida ao vestibular pareça mais importante que o interesse humanista na escola.
"O aluno do São Luís não vê o vestibular como um fim, mas como parte de um projeto maior, de vida. Ele reconhece o que quer ser, qual a sua vocação e para onde quer ir. E o vestibular se torna apenas um meio para chegar onde quer", afirma Laércio da Costa Carrer, coordenador do terceiro ano do ensino médio. "Se o aluno fizer a sua parte, passa na prova tranqüilamente", diz.
Fazer a sua parte, na escola, não é simples: é preciso manter notas médias acima de sete, freqüentar aulas de segunda a sexta -e, no terceiro ano do ensino médio, ainda aos sábados-, fazer simulados, treinos e testões e participar de aulas de aprofundamento de temas tão variados quanto física mecânica e Brasil colonial.
Isso sem contar com três meses de aulas de revisão após o término do currículo formal, em outubro do terceiro ano do médio. As aulas de revisão se estendem até o final de dezembro, perto do Natal.
O colégio tenta ir na contramão de cursinhos e colégios que separam os alunos de acordo com suas notas -salas com os melhores, e salas com os mais fracos- e acredita que a heterogeneidade das classes é a alma do negócio.

Ética e estrutura
Fundado por padres jesuítas em 1867, o colégio São Luís tem, para cada série, um coordenador pedagógico e um coordenador de formação cristã -que cuida tanto das aulas de religião para os alunos do ensino fundamental quando dos ensinamentos de humanidades e do desenvolvimento da percepção coletiva e solidária dos estudantes mais velhos.
Renata Barreto Pretulan, 18, aprovada em primeiro lugar no curso de relações internacionais da USP, diz que a relação entre os professores e os alunos é muito aberta. "Existe margem de escolha para o aluno. Se você tem compromisso com os estudos, vai bem, mas também dá pra levar a escola se não estiver a fim de se dedicar demais."
De acordo com Renata, a escola enfatiza, desde cedo, que o vestibular não é um fim. "Eu tive uma boa formação sem terrorismo com o vestibular."
No São Luís, os estudantes realizam trabalhos comunitários em asilos, creches e hospitais, e saem do ensino médio com horas de atividades voluntárias já computadas no currículo escolar. Há também uma aula de ética na grade curricular do ensino médio.
O colégio mantém uma faculdade integrada desde 1948. (FM)


Texto Anterior: Método austero: Dante pega "na mão do aluno" para fazê-lo estudar
Próximo Texto: Tradição: Alunos do Rio Branco fazem simulado todo mês no 3º ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.