São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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TRADIÇÃO

Alunos do Rio Branco fazem simulado todo mês no 3º ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Há cerca de cinco anos, o colégio Rio Branco, passou por uma reformulação que renovou o quadro de professores e mudou algumas regras de comportamento do ensino médio.
Antes, os alunos não precisavam usar uniforme e tinham autorização para deixar o prédio da escola durante o recreio. Hoje, o uniforme é obrigatório para todos, por "motivos de segurança e democracia", e aluno só sai da escola fora do horário acompanhado de pais ou responsáveis. Cabular aulas pode dar até suspensão.
A escola hoje mantém um forte esquema de controle de entrada e de vigilância externa, além de um sistema de câmeras nas salas.
O Rio Branco, mantido pela Fundação de Rotarianos de São Paulo desde 1946, é uma escola tradicional, verticalizada e sem áreas verdes, espremida entre prédios de Higienópolis. Para compensar a falta de espaço de sua matriz, a escola mantém, desde 1982, uma unidade na Granja Vianna, na Grande São Paulo.

Aulas de reforço
Todo mês os alunos do terceiro ano do ensino médio do Rio Branco fazem uma prova simulando a dos grandes vestibulares, aplicada pelo cursinho Anglo -o que mais aprova na USP.
Os alunos são submetidos também a aulas de reforço de várias disciplinas, e contam com um plantão de dúvidas.
Para preparar os alunos para a redação, o colégio organiza debates de convidados sobre temas atuais. E, após assistir às discussões, os alunos têm de escrever uma redação sobre o tema, posteriormente avaliada.
O arremate fica por conta das classes de aprofundamento em temas como filosofia, análise de obras literárias, química, física, biologia, geopolítica e matemática financeira. E há ainda atividades extraclasse sobre os livros cobrados pela Fuvest em prova.
"A palavra vestibular é dita pelo menos três vezes em cada aula quando você chega no segundo e no terceiro ano [do ensino médio]", resmunga um aluno.
"Vira uma pressão psicológica essa história de vestibular", diz Maria Fernanda Mussalem, 17, do terceiro ano do ensino médio.
Ainda assim, nem todo aluno do Rio Branco sai do ensino médio para a universidade. "Muitos optam por um ano de intercâmbio. E, se o aluno não sabe o curso que quer fazer, orientamos ele a dar um tempo. Não quero neurotizar os alunos nem preciso de estatísticas de ingresso no vestibular para dizer que a escola é boa", afirma Paulo Henrique Camargo Rinaldi, diretor-geral do Rio Branco.
O colégio se orgulha de ter professores que mantêm uma boa relação com os estudantes. Mas, segundo Maria Fernanda, o comportamento de alguns alunos estraga essa aliança.
"Alguns alunos não respeitam os professores, e isso atrapalha a relação com eles", diz ela.
Estudantes confidenciam que não são raros os episódios em que um aluno, depois de ser chamado a atenção, diz para o professor: "meu pai é quem paga o seu salário", o que, em sua visão, deveria dispensá-lo de qualquer bronca. "É péssimo. Mas acontece", diz Maria Fernanda.
Segundo a aluna, a escola tem professores bons, mas nem sempre acerta na didática. "Tem professor que você percebe que conhece muito a matéria, mas não sabe passar esse conhecimento para os alunos porque não tem uma linguagem clara."
Há anos, o colégio tinha média sete, e seus alunos de hoje comentam que, se a regra estivesse de pé, muita gente não passaria de ano.
No Rio Branco, repetência é encarada como falência do aluno, da família e da escola. E cada caso é analisado pelo conselho escolar. Caso essa falência ocorra novamente, não há segunda chance, e o aluno é desligado.
(FERNANDA MENA)


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