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TRADIÇÃO
Alunos do Rio Branco fazem simulado todo mês no 3º ano
DA REPORTAGEM LOCAL
Há cerca de cinco anos, o colégio Rio Branco, passou por uma
reformulação que renovou o quadro de professores e mudou algumas regras de comportamento do
ensino médio.
Antes, os alunos não precisavam usar uniforme e tinham autorização para deixar o prédio da
escola durante o recreio. Hoje, o
uniforme é obrigatório para todos, por "motivos de segurança e
democracia", e aluno só sai da escola fora do horário acompanhado de pais ou responsáveis. Cabular aulas pode dar até suspensão.
A escola hoje mantém um forte
esquema de controle de entrada e
de vigilância externa, além de um
sistema de câmeras nas salas.
O Rio Branco, mantido pela
Fundação de Rotarianos de São
Paulo desde 1946, é uma escola
tradicional, verticalizada e sem
áreas verdes, espremida entre
prédios de Higienópolis. Para
compensar a falta de espaço de
sua matriz, a escola mantém, desde 1982, uma unidade na Granja
Vianna, na Grande São Paulo.
Aulas de reforço
Todo mês os alunos do terceiro
ano do ensino médio do Rio
Branco fazem uma prova simulando a dos grandes vestibulares,
aplicada pelo cursinho Anglo -o
que mais aprova na USP.
Os alunos são submetidos também a aulas de reforço de várias
disciplinas, e contam com um
plantão de dúvidas.
Para preparar os alunos para a
redação, o colégio organiza debates de convidados sobre temas
atuais. E, após assistir às discussões, os alunos têm de escrever
uma redação sobre o tema, posteriormente avaliada.
O arremate fica por conta das
classes de aprofundamento em
temas como filosofia, análise de
obras literárias, química, física,
biologia, geopolítica e matemática financeira. E há ainda atividades extraclasse sobre os livros cobrados pela Fuvest em prova.
"A palavra vestibular é dita pelo
menos três vezes em cada aula
quando você chega no segundo e
no terceiro ano [do ensino médio]", resmunga um aluno.
"Vira uma pressão psicológica
essa história de vestibular", diz
Maria Fernanda Mussalem, 17, do
terceiro ano do ensino médio.
Ainda assim, nem todo aluno
do Rio Branco sai do ensino médio para a universidade. "Muitos
optam por um ano de intercâmbio. E, se o aluno não sabe o curso
que quer fazer, orientamos ele a
dar um tempo. Não quero neurotizar os alunos nem preciso de estatísticas de ingresso no vestibular
para dizer que a escola é boa",
afirma Paulo Henrique Camargo
Rinaldi, diretor-geral do Rio
Branco.
O colégio se orgulha de ter professores que mantêm uma boa relação com os estudantes. Mas, segundo Maria Fernanda, o comportamento de alguns alunos estraga essa aliança.
"Alguns alunos não respeitam
os professores, e isso atrapalha a
relação com eles", diz ela.
Estudantes confidenciam que
não são raros os episódios em que
um aluno, depois de ser chamado
a atenção, diz para o professor:
"meu pai é quem paga o seu salário", o que, em sua visão, deveria
dispensá-lo de qualquer bronca.
"É péssimo. Mas acontece", diz
Maria Fernanda.
Segundo a aluna, a escola tem
professores bons, mas nem sempre acerta na didática. "Tem professor que você percebe que conhece muito a matéria, mas não
sabe passar esse conhecimento
para os alunos porque não tem
uma linguagem clara."
Há anos, o colégio tinha média
sete, e seus alunos de hoje comentam que, se a regra estivesse de pé,
muita gente não passaria de ano.
No Rio Branco, repetência é encarada como falência do aluno, da
família e da escola. E cada caso é
analisado pelo conselho escolar.
Caso essa falência ocorra novamente, não há segunda chance, e
o aluno é desligado.
(FERNANDA MENA)
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