São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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Disputa pelos melhores estudantes provoca guerra publicitária de cursinhos

DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante Carolina Malhone, 18, passou em seis vestibulares de medicina neste ano. Optou pelo curso da USP, no qual conquistou a sexta colocação. O que poderia ser a maior alegria de sua vida transformou-se numa dor-de-cabeça para ela e para a família.
Carolina tem seu nome estampado -como segunda colocada na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)- em panfletos e cartazes do Objetivo espalhados pela cidade de São Paulo.
O fato é que a estudante fez cursinho no Etapa, não no Objetivo. Ela estudou sete anos no colégio Objetivo, no qual tinha 100% de bolsa por ser boa aluna. Mas, após concluir o colégio, em 2003, optou por fazer cursinho no Etapa, por ser próximo a sua residência.
"Autorizei o Objetivo a divulgar o nome de minha filha, sem foto, desde que destacasse que Carolina foi aluna do colégio Objetivo, não do cursinho", afirma Amarildo Malhone, pai da estudante.
A propaganda dá a entender que Carolina fez cursinho no Objetivo. O Etapa não gostou. As colegas do cursinho estranharam. A estudante encaminhou uma carta à direção do Etapa -com data do dia 11 de fevereiro de 2005- para se desculpar. "Gostaria, por meio desta carta, de esclarecer que não freqüentei nenhum curso pré-vestibular além do Etapa." O Objetivo informa que, no ano passado, Carolina participou de aulas de reforço no cursinho.
Caroline Coronado Cha, que aparece na publicidade do Objetivo como aluna do cursinho que entrou em primeiro lugar em medicina na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), estudou no Anglo, segundo informa esta escola. Procurada pela Folha, a estudante afirma que fez cursinho pela manhã no Anglo e aulas especiais no Objetivo à tarde.
O Anglo chegou a estampar um cartaz em suas unidades para informar aos alunos que a publicidade do Objetivo não era verdadeira. O Objetivo afirma que Caroline fez, sim, cursinho na escola.
O caso de Carolina e de Caroline ilustra a guerra que enfrentam os cursinhos pré-vestibulares para atrair alunos e colocá-los nas faculdades do país. Quanto mais aprovam, mais ganham posição no ranking de vagas preenchidas nas universidades. E essa é a melhor forma de atrair novos alunos.
Depois que acabam os vestibulares, os cursinhos checam nome por nome dos aprovados. Pelas contas do Objetivo, seus alunos já ocuparam cerca de 32% (incluindo a segunda chamada) das quase 10 mil vagas ofertadas pela Fuvest neste ano. O Anglo calcula participação de 25%, só contabilizando a lista de primeira chamada. O Etapa prefere não divulgar sua fatia. Considera que esse dado -cada cursinho calcula o seu- só interessa à instituição. (FF)


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