|
Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2004
Sob o domínio do medo
No último debate, Serra teme ataques de Maluf, e Marta, a participação de Ciro Moura
Cartazes sem assinatura espalhados pela cidade fazem acusações ao candidato tucano
|
CHICO DE GOIS
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL
A cinco dias da eleição, o acirramento da disputa deixou os principais candidatos à Prefeitura de
São Paulo de prontidão. O maior
temor dos coordenadores das
campanhas de José Serra (PSDB)
e de Marta Suplicy (PT) é que os
adversários baixem o nível e partam para ataques pessoais.
O debate na Rede Globo, marcado para amanhã, é uma das
preocupações de tucanos e petistas. Enquanto o PSDB teme um
ataque de Paulo Maluf (PP), identificado pelos tucanos como aliado de Marta, o PT teme a participação de Ciro Moura (PTC), classificado pelos petistas como "boca de aluguel" a serviço de Serra.
Pelos critérios firmados entre os
candidatos e a Rede Globo, irão
participar os cinco primeiros colocados na pesquisa Ibope, divulgada anteontem: Serra, com 37%,
Marta, com 35%, Maluf, com 11%,
Luiza Erundina (PSB), com 3%, e
Paulinho (PDT), com 2%.
Mas Ciro Moura (PTC) entrou
com representação no TRE, na semana passada, argüindo seu direito à participação. Ele alega que
não assinou esse acordo e tem direito de comparecer ao debate
amanhã. O mérito da representação deverá ser julgado hoje. Ele
perdeu a liminar, mas recorreu.
Ontem à tarde, integrantes da
coordenação de campanha de
Marta estiveram reunidos para
discutir estratégias para o debate.
Petistas que conversaram com a
Folha disseram não acreditar que
Paulinho seja usado pelo PSDB
para atacar Marta, mas temem
que Moura, que nos últimos tempos ocupou seu horário eleitoral
para dizer que "Marta prometeu e
não cumpriu" melhorar a saúde,
sirva na artilharia tucana.
Moura afirmou à Folha que não
há nenhum acordo entre o PTC e
o PSDB, mas apontou uma ligação entre o PT e o PP. "O PP não
se submeteria a perder todo seu
tempo de TV se não houvesse
uma união", argumenta. Maluf e
o PT negam uma aliança informal
entre eles. Um dos coordenadores
de campanha do PT diz que o ex-prefeito passou mais tempo criticando Marta do que o tucano.
A cúpula tucana teme que eventuais ataques pessoais de Maluf
possam trazer algum prejuízo já
no primeiro turno, porque não
haverá tempo para rebater as críticas. "Nossa preocupação é com
o vale-tudo do último debate",
disse o presidente do diretório
municipal do PSDB, Edson Aparecido. Para ele, é quase certa a
ofensiva de Maluf. "Quem tem
acompanhado os últimos programas percebe que há um direcionamento nesses ataques", disse.
"Inclusive amanhã [hoje] vamos nos reunir com a Globo para
discutirmos qual será o conceito
para o direito de resposta." Segundo Aparecido, o PT quer a
concessão de direito de resposta a
todo ataque à administração municipal. O PSDB é contra: "Nós
entendemos que o direito de resposta deve ser concedido apenas
em casos de ataques pessoais".
"Se eles [PT] chegaram ao ponto de fazer uma aliança com um
de seus maiores rivais [Maluf], esse debate nos deixa em alerta",
disse o deputado federal Walter
Feldman (PSDB). Já Serra não
quis falar: "Eu realmente não estou preocupado com agressões".
Próximo Texto: Outdoor apócrifo reproduz ataque de Maluf a Serra Índice
|