São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Sob o domínio do medo


No último debate, Serra teme ataques de Maluf, e Marta, a participação de Ciro Moura

Cartazes sem assinatura espalhados pela cidade fazem acusações ao candidato tucano



CHICO DE GOIS
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

A cinco dias da eleição, o acirramento da disputa deixou os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo de prontidão. O maior temor dos coordenadores das campanhas de José Serra (PSDB) e de Marta Suplicy (PT) é que os adversários baixem o nível e partam para ataques pessoais.
O debate na Rede Globo, marcado para amanhã, é uma das preocupações de tucanos e petistas. Enquanto o PSDB teme um ataque de Paulo Maluf (PP), identificado pelos tucanos como aliado de Marta, o PT teme a participação de Ciro Moura (PTC), classificado pelos petistas como "boca de aluguel" a serviço de Serra.
Pelos critérios firmados entre os candidatos e a Rede Globo, irão participar os cinco primeiros colocados na pesquisa Ibope, divulgada anteontem: Serra, com 37%, Marta, com 35%, Maluf, com 11%, Luiza Erundina (PSB), com 3%, e Paulinho (PDT), com 2%.
Mas Ciro Moura (PTC) entrou com representação no TRE, na semana passada, argüindo seu direito à participação. Ele alega que não assinou esse acordo e tem direito de comparecer ao debate amanhã. O mérito da representação deverá ser julgado hoje. Ele perdeu a liminar, mas recorreu.
Ontem à tarde, integrantes da coordenação de campanha de Marta estiveram reunidos para discutir estratégias para o debate. Petistas que conversaram com a Folha disseram não acreditar que Paulinho seja usado pelo PSDB para atacar Marta, mas temem que Moura, que nos últimos tempos ocupou seu horário eleitoral para dizer que "Marta prometeu e não cumpriu" melhorar a saúde, sirva na artilharia tucana.
Moura afirmou à Folha que não há nenhum acordo entre o PTC e o PSDB, mas apontou uma ligação entre o PT e o PP. "O PP não se submeteria a perder todo seu tempo de TV se não houvesse uma união", argumenta. Maluf e o PT negam uma aliança informal entre eles. Um dos coordenadores de campanha do PT diz que o ex-prefeito passou mais tempo criticando Marta do que o tucano.
A cúpula tucana teme que eventuais ataques pessoais de Maluf possam trazer algum prejuízo já no primeiro turno, porque não haverá tempo para rebater as críticas. "Nossa preocupação é com o vale-tudo do último debate", disse o presidente do diretório municipal do PSDB, Edson Aparecido. Para ele, é quase certa a ofensiva de Maluf. "Quem tem acompanhado os últimos programas percebe que há um direcionamento nesses ataques", disse.
"Inclusive amanhã [hoje] vamos nos reunir com a Globo para discutirmos qual será o conceito para o direito de resposta." Segundo Aparecido, o PT quer a concessão de direito de resposta a todo ataque à administração municipal. O PSDB é contra: "Nós entendemos que o direito de resposta deve ser concedido apenas em casos de ataques pessoais".
"Se eles [PT] chegaram ao ponto de fazer uma aliança com um de seus maiores rivais [Maluf], esse debate nos deixa em alerta", disse o deputado federal Walter Feldman (PSDB). Já Serra não quis falar: "Eu realmente não estou preocupado com agressões".


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