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CAIXA DE CAMPANHA
Sepúlveda Pertence, presidente do tribunal, diz que problema é mundial e que dinheiro pode vir do narcotráfico
Doação privada se paga com corrupção, diz TSE
Alan Marques/Folha Imagem
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O presidente do TSE, ministro Sepúlveda Pertence, durante entrevista sobre as eleições deste ano |
SILVANA DE FREITAS
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro Sepúlveda Pertence, disse que "o financiamento privado [das campanhas] é um investimento que se
remunera à custa de corrupção" e
que uma das preocupações no
mundo é o uso de dinheiro do
narcotráfico em candidaturas.
"É notório que há financiamento privado legítimo, motivado por
filiação partidária simplesmente,
mas o financiamento de grandes
empresas, sobretudo as que vivem de contratos com o Estado, é
falsamente gratuito." Para ele, o
"pagamento" é feito ao longo do
mandato por meio de corrupção.
Pertence, que é defensor histórico do uso de dinheiro público nas
campanhas, participou ontem de
uma videoconferência promovida pelo Senado. Tradicionalmente, os maiores doadores no Brasil
são bancos e empreiteiras.
O ministro disse que o problema da origem do dinheiro é mundial. "Uma das preocupações da
ciência política é o financiamento
eleitoral provido do narcotráfico", disse. "A sucessão de escândalos, em escala mundial, ligada à
remuneração do verdadeiro investimento em que se tem transformado o financiamento privado das campanhas, leva-me a intuir que será enormemente econômico financiar com recursos
públicos a campanha eleitoral."
Pertence reconheceu que essa
proposta "não é popular neste
momento de um certo desalento
com a democracia que experimentamos no mundo todo, em
particular na América Latina".
Ele disse temer a manipulação
de resultados de pesquisas de intenção de voto feitas por institutos sem credibilidade por causa
de "sua influência deletéria" e do
caráter "irreversível", e defendeu
a busca de "fórmulas" para evitá-las. O ministro disse que, quando
é séria, a pesquisa exerce "influência legítima" na vontade do eleitor. "As grandes pesquisas têm
um mínimo de controle. É o interesse na reputação comercial dos
institutos que, após as eleições,
vão continuar a fazer pesquisas e a
viver da sua respeitabilidade."
Mas "é preocupante, sobretudo
nas eleições municipais, a possível
manipulação de pesquisas de menor seriedade, às vezes montadas
por empresas organizadas exclusivamente para fazê-lo", declarou.
Sepúlveda Pertence disse que a
Justiça Eleitoral tem procurado
reprimir os abusos de poder econômico e político, mas que não
tem a "ilusão" de eliminá-lo.
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