São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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O TORCEDOR

Nam a contusão de Pelé impede o bicampeonato do Brasil e a confirmação de nova hegemonia

A Copa do Mundo é nossa

Com brasileiro não há mesmo quem possa. Se o Pelé não pode resolver, Garrincha vai lá e garante outro caneco para a gente.
E, se o Garrincha não pode jogar por estar suspenso, o doutor Paulo Machado de Carvalho vai lá e mostra porque é chamado de ""Marechal da Vitória" e, meio como Nilton Santos faz dentro de campo, consegue na malandragem, no "jeitinho brasileiro" como falam, arrumar a situação.
O plano para ganhar a Copa do Chile foi ainda mais bem montado do que o plano que havia dado muito certo na Suécia. Até "árbitros e bandeirinhas" amigos estavam de prontidão para assegurar o nosso bicampeonato. Apenas uma coisa de fato começou errado para nós: o "Rei" teve uma maldita distensão muscular e só pôde jogar a estréia contra o México, em que ganhamos de 2 a 0 e ele deixou o seu, claro, e o empate sem gols com a Tchecoslováquia, que seria o nosso vice aquele ano.
Contra uma perigosa Espanha, que vinha cheia de craque importado, Amarildo entrou com a camisa 20 na vaga do eterno 10. A coisa estava complicada: 1 a 0 para os caras até os 27min do segundo tempo, o que complicava nossa classificação para a segunda fase. Porém alguém disse que 20 vale por dois 10, e Amarildo marcou dois gols salvadores. Nilton Santos fez um pênalti, é verdade, mas, com seu passinho para fora da área (acho que foi mais de um passo), ganhou só uma falta. Teve gol da Espanha de bicicleta, é verdade, mas esse foi anulado. Dizem que roubado é mais gostoso, né?
O doutor, que garantiu para nós em 62 até o mesmo piloto do avião que levou o time para a Copa de 58, o comandante Bugner, trabalhou tão bem nos bastidores que até a expulsão de Garrincha na semifinal contra o Chile (4 a 2) foi driblada: o bandeirinha que seria testemunha da expulsão de nosso craque havia feito carreira na Federação Paulista de Futebol e desapareceu. Sabe como é, né?
Garrincha havia entortado os ingleses nos 3 a 1 das quartas, quando fez dois de seus quatro gols na Copa. Nesse jogo, até um cachorrinho entrou em campo para tentar driblar os ingleses como Garrincha. O melhor ponta direita de todos os tempos ainda deixaria os chilenos, donos da casa, loucos da vida na semifinal. O "Mané" fez a alegria do povo como sempre, com gol de tudo quanto é jeito. E jogou sim a final, quando os tchecos não seguraram novo empate: caíram por 3 a 1.
O Brasil, bi, é bom no samba, é bom no couro, é bom na cartola.


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