|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O TORCEDOR
Nam a contusão de Pelé impede o bicampeonato do Brasil e a confirmação de nova hegemonia
A Copa do Mundo é nossa
Com brasileiro não há mesmo quem possa. Se o Pelé não pode resolver, Garrincha vai lá e garante outro caneco para a gente.
E, se o Garrincha não pode jogar
por estar suspenso, o doutor Paulo Machado de Carvalho vai lá e
mostra porque é chamado de
""Marechal da Vitória" e, meio como Nilton Santos faz dentro de
campo, consegue na malandragem, no "jeitinho brasileiro" como falam, arrumar a situação.
O plano para ganhar a Copa do
Chile foi ainda mais bem montado do que o plano que havia dado
muito certo na Suécia. Até "árbitros e bandeirinhas" amigos estavam de prontidão para assegurar
o nosso bicampeonato. Apenas
uma coisa de fato começou errado para nós: o "Rei" teve uma
maldita distensão muscular e só
pôde jogar a estréia contra o México, em que ganhamos de 2 a 0 e
ele deixou o seu, claro, e o empate
sem gols com a Tchecoslováquia,
que seria o nosso vice aquele ano.
Contra uma perigosa Espanha,
que vinha cheia de craque importado, Amarildo entrou com a camisa 20 na vaga do eterno 10. A
coisa estava complicada: 1 a 0 para
os caras até os 27min do segundo
tempo, o que complicava nossa
classificação para a segunda fase.
Porém alguém disse que 20 vale
por dois 10, e Amarildo marcou
dois gols salvadores. Nilton Santos fez um pênalti, é verdade, mas,
com seu passinho para fora da
área (acho que foi mais de um
passo), ganhou só uma falta. Teve
gol da Espanha de bicicleta, é verdade, mas esse foi anulado. Dizem
que roubado é mais gostoso, né?
O doutor, que garantiu para nós
em 62 até o mesmo piloto do
avião que levou o time para a Copa de 58, o comandante Bugner,
trabalhou tão bem nos bastidores
que até a expulsão de Garrincha
na semifinal contra o Chile (4 a 2)
foi driblada: o bandeirinha que
seria testemunha da expulsão de nosso craque
havia feito carreira na
Federação Paulista de
Futebol e desapareceu.
Sabe como é, né?
Garrincha havia entortado os ingleses nos 3
a 1 das quartas, quando
fez dois de seus quatro
gols na Copa. Nesse jogo, até um cachorrinho
entrou em campo para
tentar driblar os ingleses
como Garrincha. O melhor ponta direita de todos os tempos ainda deixaria os chilenos, donos
da casa, loucos da vida na
semifinal. O "Mané" fez a
alegria do povo como sempre, com gol de tudo quanto é
jeito. E jogou sim a final, quando os tchecos não seguraram novo empate: caíram por 3 a 1.
O Brasil, bi, é bom no samba, é
bom no couro, é bom na cartola.
Texto Anterior: 1962 - Chile Próximo Texto: A história: No Mundial da pancadaria, Brasil entra no clube do bi Índice
|