São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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O TORCEDOR

Capitaneada por Beckenbauer, anfitriã Alemanha supera o Carrossel Holandês

Santo de casa

Então essa Holanda joga um futebol "tico-tico no fubá"? E vamos ganhar só porque eles tremerão diante da "amarelinha"? Eu até que acreditei em você, Zagallo, mas você tomou um baita de um nó tático do tal Rinus Michels, o técnico do Carrossel Holandês.
Tudo bem que não tínhamos mais Pelé (tudo mal, melhor dizendo), mas Jairzinho e Rivellino, outras feras de 70, foram para a Alemanha. E Zagallo teve quatro anos para ajustar o time e analisar os adversários, não para fazer chacota deles e depois quebrar a cara. Só camisa não ganha jogo hoje, até porque perdemos para um time de laranja cujo goleiro usava a 8 e o craque vestia a 14.
E, se pensarmos bem, não jogamos bola quase nunca na Copa. Não fizemos um golzinho sequer nos dois primeiros jogos, contra Iugoslávia e Escócia. Fomos marcar só naquele saco de pancadas do Zaire, e o terceiro gol nos 3 a 0, o da classificação, foi na verdade um peru do goleirão (?) deles.
De que adianta defesa boa se atacávamos pouco? Futebol brasileiro não joga para a frente? Por que o divino Ademir da Guia foi atuar só na disputa de terceiro lugar? Clodoaldo precisava mesmo ser cortado? Por que tanto mau humor na concentração na Floresta Negra e nos treinos na Suíça? Há quem diga que na delegação tinha jogador vendido, mercenário, preocupado em preservar a canelinha para o futebol europeu.
A única alegria para nós foi mesmo a vitória sobre a Argentina. Na primeira vez que enfrentamos o arqui-rival em Copas, ganhamos de 2 a 1, suado, mas ganhamos. Porém o time deles tinha apanhado de quatro da Holanda. Custava ter observado melhor a equipe que era sensação do Mundial? Os caras jogaram pelo empate contra nós e mesmo assim levamos de 2 a 0. Se mexiam tanto em campo que o clássico Luís Pereira apelou e acabou sendo expulso.
Esperávamos uma final contra a Alemanha, mas o máximo que conseguimos foi penar para fazer 1 a 0 na Alemanha mais fraquinha, a comunista. Na disputa pelo terceiro posto, vexame. Mais que perder de 1 a 0 da Polônia com gol de um carequinha que cruzou quase todo o nosso campo de defesa, rola até tapa entre o marrento Leão, nosso goleiro, e Marinho Chagas, lateral que ia muito ao ataque e às vezes deixava um buraco atrás.
Foram só seis gols em sete jogos, pouco para quem queria experimentar o sabor desse novo troféu que tem o nome de Taça Fifa. Assim, vai demorar para ganhá-lo...


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