JOÃO HAVELANGE
ESPECIAL PARA A FOLHA

No período como presidente da entidade de futebol brasileira (CBD), tive a responsabilidade de presidir em cinco Copas, relativas aos anos de 1958 (Suécia), 1962 (Chile), 1966 (Inglaterra), 1970 (México) e 1974 (Alemanha), nas quais, por dedicação e organização, tivemos a oportunidade de oferecer ao nosso país três Copas, ou seja, o tricampeonato, sendo que, em 1974, um quarto lugar e, em 1966, não tivemos sucesso.
Com a realização dessas Copas e com os títulos que representaram, como já disse, o tricampeonato, demonstramos ao mundo a evolução do nosso futebol, tanto sob o aspecto técnico, como o de organização, o que nos valeu a partir daquele momento o respeito do futebol internacional.
Eleito para a presidência da Fifa em 1974, tivemos a responsabilidade de organizar as Copas de 1978 (Argentina), 1982 (Espanha), 1986 (México), 1990 (Itália), 1994 (Estados Unidos) e 1998 (França).
A forma de administrar foi diferente das Copas anteriores, pois de 1958 a 1974 tínhamos a responsabilidade de lutar pelo título, o que conseguimos com as equipes que formamos à época.
Como presidente da Fifa tinha uma extensão maior de responsabilidades, pois a visão tinha que ser em nível mundial. Procurei levar minha preocupação principalmente para aspectos de organização, segurança e finanças.
Tomando como ponto a organização, em que estavam envolvidos estádios, instalações hospitalares, hotéis, transportes, incluindo a parte viária, ferroviária e aeroviária, estudos profundos foram realizados. Acreditamos que, em todas essas Copas essas obrigações, atendidos os diversos detalhes, foram cumpridas.
Quanto ao ponto segurança, posso asseverar que os países responsáveis pela realização das Copas, nesses anos, cumpriram com sua missão, pois nenhum fato que pudesse atentar contra a liberdade e o respeito de todos que compareceram a essas competições deixaram de ser respeitados, demonstrando ao mundo que a Copa é indiscutivelmente um momento de entrelaçamento entre todos os povos e, por conseguinte, um sentimento de paz.
Como ponto financeiro, poderia dizer, com certo orgulho, que também conseguimos, com estudo e trabalho, valores importantes que se modificaram no desenrolar das competições.
Vejamos: em 1978, o resultado bruto financeiro foi de US$ 78 milhões. Em 1982, a Copa se realizou na Espanha, e a receita bruta representou US$ 82 milhões. Após essas experiências, com estudos que foram feitos, foi possível para 1986 que a receita chegasse a US$ 500 milhões. Na continuidade, com a experiência adquirida e sempre atento a modificações e a estudos, nas Copas dos EUA e da França conseguimos, para cada uma, o resultado de US$ 2 bilhões, o que totalizou US$ 4 bilhões. Essa importância foi o saldo que deixamos em caixa no momento em que terminamos o nosso mandato na Fifa, ou seja 13.07.1998.