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Clubes da elite do Brasileiro dão mais oportunidades a jovens defensores do que a jogadores de ataque em seus elencos

Ricardo Nogueira - 24.set.11/Folhapress
Danilo, em lance de jogo do Santos, na Vila Belmiro
Danilo, em lance de jogo do Santos, na Vila Belmiro

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

Os clubes da Série A do Brasileiro têm dado mais chances em seus elencos a jogadores de defesa do que a atacantes ou meio-campistas.

A constatação se dá a partir de levantamento feito pela Folha no grupo de atletas de 19 clubes que disputaram a primeira divisão do Nacional em 2011 -apenas o Vasco não disponibiliza seu elenco principal no site oficial.

Dos 598 atletas listados nas páginas da internet de cada equipe, 91 (15%) são sub-20.

Desses, 38 (42%) atuam como goleiros, zagueiros ou laterais, contra 30 (33%) jogadores de meio-campo e apenas 23 (25%) atacantes.

O São Paulo é o time que mais aproveita defensores com menos de 20 anos em seu elenco profissional: são quatro atletas entre os 11 garotos que fizeram parte do grupo durante a última temporada.

Já o Santos corrobora a fama de formador de jogadores ofensivos, com três atacantes nascidos após 1991 no time: Neymar, Tiago Alves e Renan Mota. Os dois últimos, porém, foram praticamente ignorados na temporada.

"Acho que é uma coincidência, uma fase, porque não se dá importância a defesa ou ataque, mas sim ao bom jogador", afirma o técnico santista Muricy Ramalho. Mas os números apontam para uma mudança que já se mostra bem visível no futebol nacional, em que a técnica tem sido preterida pela força.

"Geralmente você vê jogadores com mais experiência atrás, mas agora a molecada está tomando conta", diz Danilo, lateral direito que neste ano venceu a Libertadores e o Paulista pelo Santos.

"Eu jogava como ponta, mas ajudava muito na marcação", conta o lateral esquerdo Gabriel Silva, negociado neste ano pelo Palmeiras com a Udinese, da Itália.

"O que acontece é que antigamente os times de fora não vinham buscar goleiros e jogadores de defesa no Brasil, eram mais do meio para frente. Hoje é o contrário, eles querem sempre nossos goleiros e também muitos jogadores de defesa", diz Muricy.

Ele, porém, descarta que o aumento no número de defensores nos elencos seja por conta da demanda europeia, mas crê que isso possa acontecer pela facilidade em formar um atleta da zaga.

"Jogador de ataque nasce, é um dom, não tem como. Ninguém ensinou o Neymar a fazer o que ele faz. Um zagueiro você melhora."

"O zagueiro é mais fácil. Se ele tiver o biótipo e você conseguir passar as funções táticas pra ele, mesmo que não tenha condições técnicas apuradas, ele vai conseguir jogar", concorda o coordenador das categorias de base do São Paulo, Marcelo Lima.

"Já um atacante não, ele tem que ter talento, qualidade técnica refinada, a inteligência de jogo", completa.

Os clubes têm apressado a maturação desse tipo de jogador, não só por necessidade técnica, mas também para aumentar suas receitas.

"A meta [das categorias de base] é formar jogadores para o elenco profissional e, consequentemente, receitas para a equipe. Seja pela necessidade ou pela carência política e administrativa do clube de ter que colocar na vitrine pra vender e equilibrar as contas", conclui Lima.

FOLHA.com
Veja a reportagem e trechos da entrevista com Muricy Ramalho e Marcelo Lima
www.folha.com/no1026128

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