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Tostão

Melhorou, porém pouco

As grandes promessas, para virarem craques, precisam brilhar contra grandes times e seleções

Escrevo, há vários anos, que a principal razão de tanto jogo aéreo e da falta de troca de passes e de craques no meio-campo, no futebol brasileiro, foi a divisão que houve, nesse setor, entre os volantes, que marcam, e os meias de ligação, que atacam.

Desapareceram os grandes armadores, defensivos e ofensivos, que ocupavam todo o meio-campo, como Xavi, Cerezo, Falcão, Schweinsteiger e outros.

Como isso ocorreu? Com o fim dos pontas, os laterais passaram a atacar mais. A maioria corria e cruzava a bola na área. Para fazer a cobertura, os técnicos colocavam um volante de cada lado e mais um terceiro, o volante-zagueiro, brucutu, cão de guarda, para atuar na frente ou entre os zagueiros.

Como os volantes só marcavam, os adversários bloqueavam o avanço dos laterais e os meias ficavam muito à frente, não havia saída de bola da defesa para o ataque. A solução foram os chutões e os cruzamentos das laterais, mesmo do próprio campo. Aumentou também a simulação para cavar faltas e jogar a bola na área. O jogo ficou feio e ruim.

Aos poucos, isso tem mudado. Os treinadores perceberam o erro. No esquema atual, importado da Europa, com quatro defensores, dois volantes, três meias e um centroavante, as jogadas ofensivas, pelos lados, são feitas pelos meias, com o auxílio dos laterais. Estes, antes de atacar, têm de marcar. Os volantes, como não precisam mais sair tanto na cobertura dos laterais, voltaram a jogar no meio-campo.

Os volantes estão reaprendendo a jogar futebol, a trocar passes, a driblar, a tocar a bola e a avançar para recebê-la na frente. Mesmo assim, ainda não foi suficiente para aparecer um craque na posição. Isso leva tempo. Terão de ser formados nas categorias de base.

No esquema tático atual, há também problemas. O centroavante costuma ficar isolado, sem a ajuda de um segundo atacante, ponta de lança. Se os meias pelos lados não voltarem para marcar o avanço dos laterais, os volantes ficarão sobrecarregados. Se os meias voltarem demais, podem não ter força para chegar ao ataque.

Há, no Brasil, ótimas promessas do meio para frente. Assim como um jogador que se destaca em um time pequeno precisa atuar muito bem em um grande para ser considerado ótimo, as jovens estrelas das principais equipes brasileiras, para serem chamadas de craques, necessitam, jogando no Brasil ou fora, ser protagonistas, muitas vezes, contras as melhores seleções e times do mundo.

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