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Audax, rico e sem torcida, busca acesso
SÉRIE A-2 DE SÃO PAULO Eles foram fracasso de público em todos os jogos do ano: já chegaram a se apresentar para 76 torcedores. São uma mescla de jogadores muito jovens com outros que já rodaram por grandes clubes, mas não deram certo. Renderam prejuízo de mais de R$ 20 mil só nas dez partidas que fizeram em casa pela segunda divisão paulista. E nunca sequer disputaram um campeonato de elite. Mesmo assim, são o orgulho do chefe, um senhor de 75 anos dono da décima maior fortuna do Brasil. Assim caminham os jogadores do Audax, clube que pertence ao Pão de Açúcar e está bem próximo de chegar à elite do futebol paulista. Às 18h30 de hoje, a equipe sem torcida vai a Araraquara enfrentar a Ferroviária na fase decisiva da Série A-2. O bilionário Abílio Diniz não estará lá. Ele foi a apenas uma das partidas do time, que alugou o estádio Nicolau Alayon, do Nacional, na zona oeste de São Paulo. Ele e outros 123 pagantes -mães de jogadores e funcionários do supermercado- viram o Audax não sair de um empate sem graça e sem gols. "Um homem como ele tem dificuldade de agenda, mas sempre que o jogo é transmitido na Rede Vida, ele acompanha, torce junto", afirma Thiago Scuro, gerente-executivo do clube. São-paulino, Abílio quer que o Audax seja o segundo time dos paulistanos que, como ele, já torcem por uma equipe grande. Para deixar o time mais simpático a potenciais torcedores, o bilionário decidiu separá-lo do supermercado. Em 2011, o Pão de Açúcar Esporte Clube e sua filial do Rio, o Sendas, viraram Audax, palavra latina para "audácia". A TV Globo, quando citava o time, o chamava de Paec, evitando citar o Pão de Açúcar. Desde que se aventurou no profissionalismo, o time mudou de nome, uniforme, escudo, estádio e até de cidade, mas não ganhou a simpatia de quem gosta de futebol. Os resultados em campo, porém, animam. A equipe é uma das favoritas ao acesso. Dos oito times ainda em ação na A-2, subirão quatro. Se chegar à elite, o Audax quer mandar jogos contra os grandes no Pacaembu. Gerido sob métodos empresariais, seu centro de treinamento é usado para formar jogadores. O Audax lucra nas negociações e mantém parte dos direitos de quem revela, como o volante corintiano Paulinho, que saiu do clube. "A política aqui é revelar jogadores para os grandes times", diz o técnico Antônio Carlos Zago, que já treinou o Palmeiras, foi cartola do Corinthians e sonha em voltar ao epicentro do futebol. A equipe nasceu como um projeto social. Hoje, para jogar no Audax, dizem dirigentes, o jovem jogador precisa demonstrar talento, mas também não pode faltar à escola. Nem ao curso de inglês oferecido duas vezes na semana. E cerca de 20 atletas fazem faculdade, caso raro no meio. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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