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Tostão

As partes e o todo

O conjunto não é apenas a soma das partes. O técnico precisa conhecer as partes e o todo

Começou o Brasileirão, um campeonato de cartas marcadas. A cada ano, aumenta o poder econômico de algumas equipes em relação às demais, por terem mais investimentos e arrecadações. Isso resulta em mais chances de títulos, ainda mais em uma competição por pontos corridos, que depende de elenco e de estrutura profissional. Assim é em todo o mundo. Após 2003, nenhum time fora de Rio e de São Paulo foi campeão.

Gosto das entrevistas dadas por Mano Menezes. Mano é um dos poucos treinadores brasileiros que fala bem e que dá explicações técnicas e táticas. Discordo de algumas delas. A maioria fala muito e não diz nada, porque não sabe ou por soberba, porque acha que ninguém entende de futebol.

Mano é um treinador estudioso, detalhista e muito bem informado. Tudo isso é essencial, mas não é o suficiente. Ainda não sei se ele possui outras qualidades para a importância do cargo. Uma delas é enxergar o que não está no Google. O técnico precisa conhecer as partes e o todo. O conjunto, o todo, não é apenas a soma das partes. Pode ser melhor ou pior.

A seleção tem atuado com dois volantes, três meias-atacantes e um centroavante. Para funcionar bem, na defesa e no ataque, os dois jogadores pelos lados (Neymar e Lucas ou Hulk) têm de marcar os laterais. Isso afasta Neymar do gol e dos contra-ataques. Lucas, no São Paulo, marca e ataca pela direita, porém, brilha quando está mais à frente.

No Santos, Neymar é um segundo atacante, mais pela esquerda. Não volta para marcar na lateral. O time, como a seleção de Dunga, atua com dois volantes, um meia de ligação (Ganso), Neymar livre, um centroavante e um armador pela direita, Elano, que defende e ataca, como fazia no time brasileiro.

Mano admitiu testar o time sem um centroavante fixo. Gosto da ideia. Neymar e Lucas (ou Hulk) seriam mais atacantes. Teria de ter um terceiro

jogador, meia-atacante, para entrar na área e fazer gols. Kaká tem essa característica. Oscar pode ser uma opção. Não é o caso de Ganso, um típico armador, para jogar mais recuado, como faz no Santos.

Quando assumiu a seleção, Mano prometeu inovar, marcar mais à frente, trocar mais passes e comandar a partida. Estilo bem diferente da marcação mais recuada e dos contra-ataques, com Dunga. A seleção atual ainda não fez uma coisa nem outra. Seria mais por falta de tempo, por erros do técnico ou pela falta de mais talentos do meio para frente? Ou os três fatores?

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