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Edgard Alves

Batalha das medalhas

Tenho trauma de medalha na cabeça, dessa alucinação de ganhar ou não ganhar

Passei a Olimpíada acompanhando um pouco de tudo. Tivesse uma peleja de peteca, certamente daria um espiadela nem que fosse naquelas zapeadas quando a gente passa por tudo e não vê absolutamente nada. Foi legal o ouro da Sarah Menezes no judô e do Arthur Zanetti na ginástica, tanto quanto a jornada triunfante dos irmãos Falcão no boxe.

Tenho trauma de medalha na cabeça. Não que eu tenha levado uma medalhada na cuca. Falo dessa alucinação de ganhar ou não ganhar, já que ninguém perde o que não tem. Simplesmente deixa de ganhar.

Com a aproximação do término do evento, apareceu um som, vindo não sei de onde, um barulho de medalhas, umas batendo nas outras. Algo como combates medievais ou filme de pirata, quando as espadas se tocam e produzem um som que eu imaginava que só espadas faziam e agora sei que medalhas também.

Veterano de jornadas olímpicas, tomei o tilintar como alerta para um balanço dos Jogos. Exatamente o que não queria, caminhar ao encontro das previsões feitas por experts, especialistas em computação, cartolas, políticos. Mas é do ofício. Quem acertou? Quem errou?

De cara percebi que tinha coisa errada nesse negócio de ordenar pelos três metais. A começar pelo companheiro colunista aqui do caderno, o Antonio. Aparece como Prata, mas escreve tão bem, tão maravilhosamente, que não tenho dúvida, é Ouro. Os palpites nunca batem, os meus, claro.

As previsões do COB apontavam para algo em torno de 15 medalhas no total, repetindo a campanha de quatro anos atrás, em Pequim, quando o time brasileiro abocanhou três de ouro, quatro de prata e oito de bronze. Em Londres, soma 16.

O comitê não ficou muito bem com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que esperava por cerca de 20 medalhas, avaliação calcada nos investimentos feitos pelo governo no ciclo olímpico entre Pequim e Londres. Investiu mais, mais medalhas. Nuzman até retrucou, dizendo que o COB não compra medalha.

O COB, aliás, havia contratado a empresa holandesa Infostrada, especializada em estatística esportiva, para a projeção de medalhas. O resultado: 16, com oito de ouro. Atirou no rabo e acertou na tromba do elefante, pois previa ouro de Fabiana Murer (atletismo), Everton Lopes (boxe) e Cesar Cielo (natação). Só este ganhou, porém, de bronze.

Com um complexo cálculo baseado na economia dos países, o banco de investimentos americano Goldman Sachs também especulou ao apontar que o Brasil abocanharia 18 medalhas, disparado o melhor desempenho da história. Paradoxalmente, todas as projeções são maiores que a do COB, que foi quem mais se beneficiou dos R$ 2 bilhões do governo no último ciclo olímpico.

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