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Vanessa Barbara

vanessa.barbara@uol.com.br

Recuperação e legado

O que o Rio de Janeiro pode aprender com os Jogos de Londres -2012 (antes que seja tarde)

O primeiro passo foi escolher a área mais pobre e degradada da capital, Stratford, e elegê-la como futura localização do Parque Olímpico. A região era uma antiga zona industrial, com áreas abandonadas e terrenos contaminados por petróleo, alcatrão, cianeto e metais pesados.

Cinco máquinas foram designadas para lavar, peneirar e sacudir o solo, que também recebeu um tratamento chamado biorremediação, no qual micro-organismos naturais consomem petróleo e diesel. Quase 2 milhões de toneladas de terra foram limpas e recolocadas no próprio parque. A operação demandou quatro anos de trabalho.

Com 2,5 quilômetros quadrados (quase o dobro do Parque do Ibirapuera), o complexo ganhou uma cobertura de 4.000 árvores e 300 mil plantas aquáticas. O rio Lea, antigo esgoto a céu aberto, foi recuperado. Milhares de girinos, peixes e criaturinhas silvestres, retirados na fase de construção, foram devolvidos ao seu habitat.

As fábricas sediadas no local foram transferidas e ganharam a prioridade de serviço nos Jogos -a cobertura de PVC da Arena de Basquete foi produzida por uma empresa de Stratford. Também a mão de obra local foi privilegiada.

A proposta desta Olimpíada sempre esteve ligada à sustentabilidade. Minha parte preferida é a da mobilidade -100% dos espectadores chegaram às instalações olímpicas via transporte público, bicicleta ou a pé. Não havia estacionamentos nos ginásios e nem em suas proximidades. Só autoridades, atletas e jornalistas, além de pessoas com mobilidade reduzida, puderam utilizar automóveis. (Ainda assim, muitos não o fizeram, como o time americano de basquete, visto esta semana esperando o trem, e o esgrimista venezuelano que pegou o metrô com a medalha de ouro no peito.)

Impressionado, o presidente do Comitê Olímpico Internacional elogiou o "legado tangível" destes

Jogos, sem elefantes brancos para a população. A ideia foi utilizar edificações já existentes (as quadras de Wimbledon para o tênis, Earls Court para o vôlei) ou edificar estruturas temporárias.

As arenas de basquete e polo aquático, por exemplo, são recicláveis -ao final dos Jogos, todas as estruturas (bancos, quadras, ferragem e até os parafusos) serão desmontadas e reutilizadas.

O funcional Estádio Olímpico, com uma capacidade original de 80 mil assentos, foi pensado de forma modular. Após os Jogos, será reduzido para 50 mil lugares, visando o Mundial de Atletismo, em 2017. Depois disso, ficará com apenas 25 mil.

Também os anexos do Centro Aquático serão removidos, mas as piscinas e a arquibancada permanecerão como legado.

A partir do ano que vem, o parque será aberto à população.

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