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Juca Kfouri

Alívio para Mano Menezes

A nova seleção brasileira ganha da Suécia no palco de um futebol que não existe mais

A DEMOLIÇÃO do acolhedor estádio Rasunda, depois da agradável vitória brasileira por 3 a 0 sobre o frágil time sueco, traz um óbvio simbolismo: palco dos dez gols brasileiros na semifinal e final da Copa do Mundo de 1958, a metade deles de Pelé, ali apareceu uma hegemonia no futebol mundial que o tempo se encarregou de liquidar.

Hegemonia que para ser recuperada, antes de se pensar em trocar Mano Menezes por Muricy Ramalho ou por Luiz Felipe Scolari, ou até mesmo por Tite ou Cuca, precisa resgatar o futebol como manifestação de talento, não apenas de busca de resultados.

Talento e resultados que nem Muricy nem Felipão têm produzido e alcançado neste Brasileirão, que Tite obteve à frente de um time médio e que o criativo Cuca revela neste Galo ainda em busca de afirmação.

De 1958 a 1970 a superioridade brasileira foi flagrante, mesmo com o fiasco da Copa de 1966, quando a politicagem impediu que a defesa que deveria ser titular -Carlos Alberto, Djalma Dias, Roberto Dias e Edson- fosse para a Inglaterra, porque se apostou no maior número possível de eventuais tricampeões.

De lá para cá, o Brasil teve times com craques que não foram campeões e, por mais duas vezes, ganhou Copas com times médios e alguns craques como Romário, os Ronaldos e Rivaldo.

O time que jogou ontem em Estocolmo ainda não tem nenhum jogador desses, mas a simples presença, mesmo que discreta, de Daniel Alves, Paulinho e Ramires, e de David Luiz para formar uma dupla estupenda com Thiago Silva, deu a segurança que o time olímpico não poderia mesmo ter, a ponto de o goleiro Gabriel ter ido muito bem.

Para variar, mestre Tostão tem toda a razão quando escreve que precisamos de alguém como José Roberto Guimarães, o verdadeiro Zé das Medalhas. Que, não nos esqueçamos, já se deu muito bem no futebol, quando participou do comando, como gerente, do melhor time da história corintiana, bicampeão brasileiro em 1998/99 e campeão mundial em 2000.

Não concordo que Mano Menezes tenha errado ao levar Hulk, enfim o jogador com mais atitude vencedora na Olimpíada. Mano errou, mas ao não manter sua aposta no atacante. E, apesar de Marcelo não ter causado os problemas que temia, e ser talentoso como poucos, Alex Sandro poderia fazer, em seu lugar, um papel mais seguro na lateral que Juan como quarto-zagueiro -e ali deveria estar David Luiz.

Mas o time principal jogou agradavelmente na Suécia e permitiu a Mano um pouco mais de tempo para fazer valer na prática a quase irretocável teoria que tem defendido.

Mesmo que seja impertinente, se for, conta ainda com o apoio do ex-presidente Lula -e com a simpatia do Rei Pelé- capaz de impedir que José Maria Marin faça demagogia com sua cabeça. Melhor assim.

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