São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Campeonatos sofrem com a falta de público e também com o desinteresse de TV e anunciantes

Estaduais patinam em 2004 e escancaram crise

DA REPORTAGEM LOCAL

A TV ignora ou paga pouco. Os torcedores dão as costas. Os anunciantes desprezam.
Mais tradicionais campeonatos do país, os Estaduais, que hoje realizam rodadas com clássicos (Palmeiras x Santos é a atração em São Paulo) começaram 2004 ainda mais frágeis do que nos últimos anos. Por todo o país os torneios que mantêm vivas as federações definham. Torcedores de sofá ou de arquibancada somem.
No lugar dos contratos milionários das copas regionais, banidas do calendário para a volta dos Estaduais, muitos campeonatos não estão na TV aberta, como o Paranaense. Em acerto de última hora, a Bahia vai colocar seu torneio em uma emissora educativa. Nos dois maiores centros a situação também não é das melhores.
Pelos Estaduais de Rio e São Paulo, a Globo vai pagar R$ 23 milhões, menos de um quarto do que pagou pelo Rio-São Paulo de 2002. O Paulista-04 não está no pay-per-view e só conta com uma emissora de TV a cabo, a Sportv. A maioria dos jogos dos chamados grandes não terá transmissão.
Mas é nas bilheterias que a falta de fôlego dos Estaduais é mais evidente. São Paulo tem até aqui média de 2,6 mil torcedores por partida, cerca da metade da marca registrada na segunda divisão nacional no ano passado.
Campeões de público colhem agora rendas e públicos ridículos. Um jogo do Bahia teve a absurda arrecadação de R$ 966. O popular Flamengo atuou no Maracanã para menos de 5.000 pagantes.
Com menos torcedores nas arquibancadas e poucas partidas na TV, a máquina de marketing do futebol também sofre. A Federação Paulista repassou para uma empresa, por R$ 3 milhões, os direitos de comercialização de placas publicitárias nos estádios. Depois de três rodadas, nem cinco anunciantes fecharam negócio.
Para os grandes, os Estaduais têm significados diferentes.
O Santos, por exemplo, encara a conquista do Paulista como a chance para acabar com uma seca de títulos no torneio iniciada em 1984. No Cruzeiro, o campeão brasileiro, o Mineiro é tratado como estorvo. "Estamos disputando esse campeonato rural, que é igual a bater em bêbado. Se ganhar é obrigação, se bater é covardia", diz Zezé Perrella, superintendente de futebol cruzeirense.
Os Estaduais vão até meados de abril, quando começa o Nacional.



Texto Anterior: O que ver na TV
Próximo Texto: Times grandes tropeçam nas rodadas iniciais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.