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Campeonatos sofrem com a falta de público e também com o desinteresse de TV e anunciantes
Estaduais patinam em 2004 e escancaram crise
DA REPORTAGEM LOCAL
A TV ignora ou paga pouco. Os
torcedores dão as costas. Os
anunciantes desprezam.
Mais tradicionais campeonatos
do país, os Estaduais, que hoje
realizam rodadas com clássicos
(Palmeiras x Santos é a atração
em São Paulo) começaram 2004
ainda mais frágeis do que nos últimos anos. Por todo o país os torneios que mantêm vivas as federações definham. Torcedores de
sofá ou de arquibancada somem.
No lugar dos contratos milionários das copas regionais, banidas
do calendário para a volta dos Estaduais, muitos campeonatos não
estão na TV aberta, como o Paranaense. Em acerto de última hora,
a Bahia vai colocar seu torneio em
uma emissora educativa. Nos dois
maiores centros a situação também não é das melhores.
Pelos Estaduais de Rio e São
Paulo, a Globo vai pagar R$ 23 milhões, menos de um quarto do
que pagou pelo Rio-São Paulo de
2002. O Paulista-04 não está no
pay-per-view e só conta com uma
emissora de TV a cabo, a Sportv.
A maioria dos jogos dos chamados grandes não terá transmissão.
Mas é nas bilheterias que a falta
de fôlego dos Estaduais é mais
evidente. São Paulo tem até aqui
média de 2,6 mil torcedores por
partida, cerca da metade da marca registrada na segunda divisão
nacional no ano passado.
Campeões de público colhem
agora rendas e públicos ridículos.
Um jogo do Bahia teve a absurda
arrecadação de R$ 966. O popular
Flamengo atuou no Maracanã para menos de 5.000 pagantes.
Com menos torcedores nas arquibancadas e poucas partidas na
TV, a máquina de marketing do
futebol também sofre. A Federação Paulista repassou para uma
empresa, por R$ 3 milhões, os direitos de comercialização de placas publicitárias nos estádios. Depois de três rodadas, nem cinco
anunciantes fecharam negócio.
Para os grandes, os Estaduais
têm significados diferentes.
O Santos, por exemplo, encara a
conquista do Paulista como a
chance para acabar com uma seca
de títulos no torneio iniciada em
1984. No Cruzeiro, o campeão
brasileiro, o Mineiro é tratado como estorvo. "Estamos disputando esse campeonato rural, que é
igual a bater em bêbado. Se ganhar é obrigação, se bater é covardia", diz Zezé Perrella, superintendente de futebol cruzeirense.
Os Estaduais vão até meados de
abril, quando começa o Nacional.
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