São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2005

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FUTEBOL

Marx e o "buana" Joorabchian

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

O novo reizinho do Corinthians e do futebol brasileiro, o sr. Kia Joorabchian, foi entrevistado no domingo no "Terceiro Tempo", programa de Milton Neves na Record. Tratado como "buana", falando inglês e secundado por uma intérprete (embora dando bandeira de que já entende bem o idioma nativo), o responsável pela MSI reafirmou que pretende fazer do Corinthians uma galáxia de craques e minimizou os problemas que a empresa da qual é presidente e sócio vem enfrentando para atuar regularmente no país.
Agradeço a Paulo Calçade uma pergunta sobre um tema que abordei aqui na última terça -o papel que a MSI pretenderia desempenhar em relação ao quadro mais geral do futebol brasileiro, marcado por clubes endividados e com dificuldades de manter jogadores de alta qualidade.
O sr. Joorabchian certamente tem uma estratégia de ação em sua cabeça e parece de fato apostar na perspectiva de que o futebol brasileiro venha ser um negócio rentável capaz de atrair outros investidores. Falta no entanto mais clareza sobre o modelo que deseja implantar e restam muitas incertezas sobre as chances de ele ser concretizado.
Claro está que o sr. Joorabchian não tem cara de quem rasgue dinheiro. Isso porém não é suficiente para assegurar que a aventura da MSI no Brasil será uma empreitada sustentável. Não são poucos os exemplos de empreendimentos em que jovens executivos talentosos montam planos de negócios, reúnem investimentos, saem gastando e, a seguir, se vêem na contingência ou de adaptar seus projetos iniciais a uma realidade que se revelou menos favorável à idealizada ou de simplesmente puxar o carro -deixando para trás um território arrasado.
Na entrevista, o sr. Joorabchian afirmou que teria sido melhor se o Corinthians tivesse impedido a saída do atacante Robinho para o Real Madrid -já acertada- e a agora anunciada transferência do meia Elano para o exterior. Sem dúvida que seria muito bom se o futebol brasileiro reunisse condições de manter jogadores desse naipe por mais tempo no país, mas convenhamos que teríamos uma situação esdrúxula se eles ficassem todos em um único clube.
O filósofo Karl Marx dizia que a história é feita pelos homens, mas não da maneira como eles desejariam fazê-la -enunciado que encontra eco na sabedoria popular, em ditados como "há males que vêm para bem" ou, em sentido contrário, "de boas intenções o inferno está cheio". Não estou querendo dizer com isso que a MSI seja do mal ou do bem, mas que os efeitos de sua atuação sobre a realidade do futebol brasileiro serão resultado de uma série de fatores que não dependem diretamente das intenções anunciadas ou do julgamento ético que se possa fazer da parceria.
Temos uma novidade em cena, que terá decorrências importantes. Resta saber se elas afinal representarão uma mudança para melhor ou não.

Carlos e Carlitos
Meu amigo Taxista da Vila, com sua língua ferina, saiu logo detonando o rival histórico: "Os "gambáticos" gastaram essa grana toda para ganhar de 1 a 0 do América?!". Bem, não é bem isso. O time com Carlos Alberto e Carlitos Tevez deu um salto de qualidade no trato da bola, apesar do resultado minguado. Tudo indica que, com mais tempo e com os novos reforços que chegarão, a Fiel terá, enfim, um time vencedor para torcer.

No Rio
Americano e Volta Redonda lideram os dois grupos do Estadual, sendo que no grupo B a ensolarada Cabofriense e o velho e bom Olaria estão à frente de Fluminense e Flamengo. A fórmula pode ser boa, mas precisa avisar os grandes que é para eles chegarem na frente.

E-mail mag@folhasp.com.br


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