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FUTEBOL
Marx e o "buana" Joorabchian
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
O novo reizinho do Corinthians e do futebol brasileiro, o sr. Kia Joorabchian, foi entrevistado no domingo no "Terceiro Tempo", programa de Milton Neves na Record. Tratado como "buana", falando inglês e secundado por uma intérprete (embora dando bandeira de que já
entende bem o idioma nativo), o
responsável pela MSI reafirmou
que pretende fazer do Corinthians uma galáxia de craques e
minimizou os problemas que a
empresa da qual é presidente e sócio vem enfrentando para atuar
regularmente no país.
Agradeço a Paulo Calçade uma
pergunta sobre um tema que
abordei aqui na última terça -o
papel que a MSI pretenderia desempenhar em relação ao quadro
mais geral do futebol brasileiro,
marcado por clubes endividados
e com dificuldades de manter jogadores de alta qualidade.
O sr. Joorabchian certamente
tem uma estratégia de ação em
sua cabeça e parece de fato apostar na perspectiva de que o futebol brasileiro venha ser um negócio rentável capaz de atrair outros investidores. Falta no entanto mais clareza sobre o modelo
que deseja implantar e restam
muitas incertezas sobre as chances de ele ser concretizado.
Claro está que o sr. Joorabchian
não tem cara de quem rasgue dinheiro. Isso porém não é suficiente para assegurar que a aventura
da MSI no Brasil será uma empreitada sustentável. Não são
poucos os exemplos de empreendimentos em que jovens executivos talentosos montam planos de
negócios, reúnem investimentos,
saem gastando e, a seguir, se
vêem na contingência ou de
adaptar seus projetos iniciais a
uma realidade que se revelou menos favorável à idealizada ou de
simplesmente puxar o carro
-deixando para trás um território arrasado.
Na entrevista, o sr. Joorabchian
afirmou que teria sido melhor se o
Corinthians tivesse impedido a
saída do atacante Robinho para o
Real Madrid -já acertada- e a
agora anunciada transferência
do meia Elano para o exterior.
Sem dúvida que seria muito bom
se o futebol brasileiro reunisse
condições de manter jogadores
desse naipe por mais tempo no
país, mas convenhamos que teríamos uma situação esdrúxula se
eles ficassem todos em um único
clube.
O filósofo Karl Marx dizia que a
história é feita pelos homens, mas
não da maneira como eles desejariam fazê-la -enunciado que
encontra eco na sabedoria popular, em ditados como "há males
que vêm para bem" ou, em sentido contrário, "de boas intenções o
inferno está cheio". Não estou
querendo dizer com isso que a
MSI seja do mal ou do bem, mas
que os efeitos de sua atuação sobre a realidade do futebol brasileiro serão resultado de uma série
de fatores que não dependem diretamente das intenções anunciadas ou do julgamento ético que se
possa fazer da parceria.
Temos uma novidade em cena,
que terá decorrências importantes. Resta saber se elas afinal representarão uma mudança para
melhor ou não.
Carlos e Carlitos
Meu amigo Taxista da Vila,
com sua língua ferina, saiu logo
detonando o rival histórico:
"Os "gambáticos" gastaram essa
grana toda para ganhar de 1 a 0
do América?!". Bem, não é bem
isso. O time com Carlos Alberto
e Carlitos Tevez deu um salto
de qualidade no trato da bola,
apesar do resultado minguado.
Tudo indica que, com mais
tempo e com os novos reforços
que chegarão, a Fiel terá, enfim,
um time vencedor para torcer.
No Rio
Americano e Volta Redonda lideram os dois grupos do Estadual, sendo que no grupo B a
ensolarada Cabofriense e o velho e bom Olaria estão à frente
de Fluminense e Flamengo. A
fórmula pode ser boa, mas precisa avisar os grandes que é para eles chegarem na frente.
E-mail mag@folhasp.com.br
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