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BASQUETE
Lombo canadense
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Stephon Marbury botou as
toalhas de lado, ajeitou-se na
cadeira do vestiário e arremessou
para o grupo de jornalistas: "Não
há melhor armador do que eu".
Os céus não perdoaram a blasfêmia, disparada por um jogador
tão equivocado nas palavras
quanto nas decisões com a bola:
nas dez partidas seguintes, Marbury conduziu o zilionário New
York Knicks a nove derrotas.
Ainda assim, a revista "Sports
Illustrated", provocada, fez na semana passada uma enquete com
os jogadores da liga americana.
Responderam à pergunta 207
atletas, mais de 40% da mão-de-obra do torneio em curso.
Marbury amargou só o quinto
lugar, com 2,5% das preferências.
Jason Kidd, o número 1 por inércia desde a aposentadoria do ainda-mais-sensacional John Stockton, perdeu moral após a contusão e o piti no New Jersey Nets e ficou com a vice-liderança (31%).
Quem apareceu na primeira
posição foi Steve Nash (55%). Um
reconhecimento justo ao principal responsável pela escalada do
Phoenix Suns, time que arrebata
os basqueteiros com um jogo veloz e sem rédeas táticas.
A equipe do Arizona havia terminado a temporada passada em
crise, eliminada já na primeira
fase com 29 vitórias em 82 rodadas. Além da queda de receita, a
bilheteria havia constatado o envelhecimento abrupto do torcedor médio -51 anos, dez anos a
mais do que na liga em geral.
Era preciso, então, não só reforçar a equipe como mudar o perfil
"emocional" da franquia. Daí a
opção por Nash, um armador que
ganha a galera porque sabe chutar, passar, driblar e correr (a galera não quer saber de defesa!).
Todos imaginavam que o canadense renovaria contrato com o
Dallas. Afinal, o dono do clube texano, Mark Cuban, é o magnata
mais mão aberta da NBA. Mas,
em um golpe de arrojo, o Phoenix
ofereceu US$ 65 milhões (três Tevez!). Embasbacado, Nash, 30,
nem quis abrir leilão. Fez a mala.
Sob comando dele, a água virou
vinho no deserto do Arizona.
Até aqui foram 36 triunfos em
46 confrontos, a segunda melhor
campanha. Os Suns ostentam o
ataque mais positivo (109,7). Todos os titulares pontuam na casa
dos dois dígitos, uma prova de
que a bola é bem distribuída.
Ultrapassada a metade do campeonato, parte da imprensa já
trata Nash como vencedor do troféu de "most valuable player".
Seria uma proeza, pois a NBA
não costuma prestar atenção em
quem organiza o jogo. Nos últimos 40 anos, apenas um armador
recebeu o prêmio: o legendário
Magic Johnson, do LA Lakers.
Não seria um despropósito,
também. Basta reparar no que o
Dallas perdeu. No ano passado,
72% dos pontos do cestinha Dirk
Nowitzki nasciam de uma assistência, de um passe perfeito. Agora, sem Nash, o índice é de 51%.
Nascido na África do Sul e fanático por futebol, o armador põe
tudo em perspectiva: "É legal, mas
não sei se devo ser incluído na lista dos melhores. Acho que meus
companheiros merecem um pouco mais de crédito por nossa campanha, e eu, um pouco menos".
Palavra de quem, pelo visto, voa
com a bola sem tirar o pé no chão.
All-Star 1
A NBA deve divulgar nesta quinta-feira os titulares do Jogo das Estrelas. Ray Allen (Seattle), Dirk Nowitzki (Dallas), Tim Duncan (San
Antonio) e Brad Miller (Sacramento) formariam com Nash o meu
quinteto do Oeste. Pelo Leste, eu iria de Allen Iverson (Philadelphia),
Dwyane Wade (Miami), LeBron James (Cleveland), Antawn Jamison (Washington) e Shaquille O'Neal (Miami). Na semana que vem,
dou meus reservas das duas conferências para a partida do dia 20.
All-Star 2
Ainda traumatizada pela confusão no jogo de novembro entre Detroit e Indiana, a liga usará o fim de semana festivo em Denver para
anunciar novas medidas de segurança. Os ginásios ganharão túneis
de plástico para proteger os atletas de objetos atirados pela torcida.
E-mail melk@uol.com.br
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