São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2005

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BASQUETE

Lombo canadense

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Stephon Marbury botou as toalhas de lado, ajeitou-se na cadeira do vestiário e arremessou para o grupo de jornalistas: "Não há melhor armador do que eu".
Os céus não perdoaram a blasfêmia, disparada por um jogador tão equivocado nas palavras quanto nas decisões com a bola: nas dez partidas seguintes, Marbury conduziu o zilionário New York Knicks a nove derrotas.
Ainda assim, a revista "Sports Illustrated", provocada, fez na semana passada uma enquete com os jogadores da liga americana.
Responderam à pergunta 207 atletas, mais de 40% da mão-de-obra do torneio em curso.
Marbury amargou só o quinto lugar, com 2,5% das preferências. Jason Kidd, o número 1 por inércia desde a aposentadoria do ainda-mais-sensacional John Stockton, perdeu moral após a contusão e o piti no New Jersey Nets e ficou com a vice-liderança (31%).
Quem apareceu na primeira posição foi Steve Nash (55%). Um reconhecimento justo ao principal responsável pela escalada do Phoenix Suns, time que arrebata os basqueteiros com um jogo veloz e sem rédeas táticas.
A equipe do Arizona havia terminado a temporada passada em crise, eliminada já na primeira fase com 29 vitórias em 82 rodadas. Além da queda de receita, a bilheteria havia constatado o envelhecimento abrupto do torcedor médio -51 anos, dez anos a mais do que na liga em geral.
Era preciso, então, não só reforçar a equipe como mudar o perfil "emocional" da franquia. Daí a opção por Nash, um armador que ganha a galera porque sabe chutar, passar, driblar e correr (a galera não quer saber de defesa!).
Todos imaginavam que o canadense renovaria contrato com o Dallas. Afinal, o dono do clube texano, Mark Cuban, é o magnata mais mão aberta da NBA. Mas, em um golpe de arrojo, o Phoenix ofereceu US$ 65 milhões (três Tevez!). Embasbacado, Nash, 30, nem quis abrir leilão. Fez a mala.
Sob comando dele, a água virou vinho no deserto do Arizona.
Até aqui foram 36 triunfos em 46 confrontos, a segunda melhor campanha. Os Suns ostentam o ataque mais positivo (109,7). Todos os titulares pontuam na casa dos dois dígitos, uma prova de que a bola é bem distribuída.
Ultrapassada a metade do campeonato, parte da imprensa já trata Nash como vencedor do troféu de "most valuable player".
Seria uma proeza, pois a NBA não costuma prestar atenção em quem organiza o jogo. Nos últimos 40 anos, apenas um armador recebeu o prêmio: o legendário Magic Johnson, do LA Lakers.
Não seria um despropósito, também. Basta reparar no que o Dallas perdeu. No ano passado, 72% dos pontos do cestinha Dirk Nowitzki nasciam de uma assistência, de um passe perfeito. Agora, sem Nash, o índice é de 51%.
Nascido na África do Sul e fanático por futebol, o armador põe tudo em perspectiva: "É legal, mas não sei se devo ser incluído na lista dos melhores. Acho que meus companheiros merecem um pouco mais de crédito por nossa campanha, e eu, um pouco menos". Palavra de quem, pelo visto, voa com a bola sem tirar o pé no chão.

All-Star 1
A NBA deve divulgar nesta quinta-feira os titulares do Jogo das Estrelas. Ray Allen (Seattle), Dirk Nowitzki (Dallas), Tim Duncan (San Antonio) e Brad Miller (Sacramento) formariam com Nash o meu quinteto do Oeste. Pelo Leste, eu iria de Allen Iverson (Philadelphia), Dwyane Wade (Miami), LeBron James (Cleveland), Antawn Jamison (Washington) e Shaquille O'Neal (Miami). Na semana que vem, dou meus reservas das duas conferências para a partida do dia 20.

All-Star 2
Ainda traumatizada pela confusão no jogo de novembro entre Detroit e Indiana, a liga usará o fim de semana festivo em Denver para anunciar novas medidas de segurança. Os ginásios ganharão túneis de plástico para proteger os atletas de objetos atirados pela torcida.

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