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São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

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MOTOR

Vai que dá certo...

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A pré-temporada terminou diferente de como começou. Nos últimos testes, as escuderias andaram preferencialmente de tanque cheio. A nova F-1, como previu Max Mosley, será diferente. Ou bem diferente? A dúvida está na sutileza do advérbio.
Os treinos, claro, serão uma grande novidade, dadas as inúmeras restrições criadas pela FIA. O reflexo da mudança se fará perceber também no grid de largada e na primeira parte da corrida, há consenso sobre isso. Ninguém sabe, porém, se a coisa sobreviverá até a bandeirada. Em poucas palavras, os índices de audiência vão subir se a Ferrari, especialmente Schumacher, largar no meio do segundo pelotão. Mas podem descer se o alemão insistir em chegar na frente. O anseio, lembre-se, sempre é por novidade. E shows de pilotagem do pentacampeão, por mais brilhantes que sejam, não são exatamente algo novo na F-1 dos últimos tempos.
Para complicar essa equação, os resultados dos testes de inverno não foram contundentes. A mudança de regulamento pegou os times no meio da estrada. A única certeza foi o fiasco do FW25, que mereceu pito dos pilotos e da BMW -até Frank Williams já reconhece que vai começar o campeonato atrás dos rivais. Cabe ainda uma menção honrosa para a Toyota, que, como disse Ralf, foi extremamente competente ao clonar o F2002.
Enfim, o cenário não é exatamente hostil para a Ferrari, o que, em parte, explica o silêncio de seus membros diante da nova receita imposta pela FIA -assim como a gritaria de Williams e McLaren. Pelo menos em tese, até com o carro velho a escuderia italiana parece ter mais desempenho, o formato do treino privilegia a habilidade de Schumacher, a Ferrari continua favorita.
Por isso mesmo, o comportamento do time italiano, não dos adversários, será o parâmetro da temporada. Se, como no ano passado, a estréia do novo carro for antecipada, o coquetel da FIA saiu melhor que a encomenda. Se o alemão começar a falar de segurança ou buscar criticar algum ponto do regulamento, idem. Se alguém, quem quer que seja, deixar os carros vermelhos para trás por pelo menos duas corridas seguidas, Mosley será elevado à condição de gênio esportivo.
Mas isso é difícil. Ou, de novo o advérbio, bem difícil. A FIA fez o que pôde para melhorar o espetáculo, foi às últimas consequências para driblar as escuderias -será, inclusive, processada por isso. Nessa disputa, conter custos foi apenas uma desculpa, criticar as montadoras, pura conveniência. Tirar o favoritismo da Ferrari, isto sim, seria uma jogada de mestre. Só que as mudanças foram feitas para equilibrar o jogo. É o suficiente, é o que o público quer. Mas isso não está garantido.
Por mais impacto que contenha, o pacotão de Mosley só conseguiu mexer, por enquanto, na sintonia de carros e pilotos. E a grande mudança talvez não seja nem o fim da eletrônica, apesar do apelo junto aos especialistas.
Revolução mesmo virá em 2004, se, claro, 2003 vingar. Boa temporada. Esta promete (nossa, faz tempo que não escrevo isso).

Reality show
Para compensar as TVs que compraram o extinto warm up de domingo, Max Mosley pensa em oferecer a transmissão ao vivo do briefing, aquele encontro que serve para combinar procedimentos de largada e corrida e, claro, lavar roupa suja. A idéia até que é interessante. Difícil será convencer os pilotos a falar como gente.

Montadoras
No buraco, a Fiat estuda montar um supergrupo de marcas de luxo com a Volkswagen, reunindo Audi, Lamborghini, Alfa, Maserati e Ferrari. Dizem que é por isso que a alemã Mercedes recentemente resolveu abrir o cofre à McLaren, injetando cifra superior a US$ 1 bilhão para, nas próximas quatro temporadas, voltar a ganhar o Mundial. Como sempre, o tal de mercado explica tudo.

E-mail mariante@uol.com.br


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