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FUTEBOL
Clássico invertido
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Que me perdoem os torcedores do São Paulo e da Portuguesa Santista, mas o confronto que promete ser o mais quente
deste primeiro semestre, pelo menos em São Paulo, é a semifinal
Corinthians x Palmeiras.
Para começar, será possivelmente a única vez que os arqui-rivais paulistas se enfrentarão
neste ano, por conta do rebaixamento do Palmeiras à segunda
divisão do Brasileiro.
Os torcedores corintianos manifestaram claramente sua preferência pelo Palmeiras como adversário nas semifinais, no lugar
do São Caetano. Em parte porque
o time do ABC, teoricamente, seria um oponente mais forte -afinal, venceu todas as seis partidas
da fase de classificação, enquanto
o Palmeiras passou raspando para as quartas-de-final.
Mas a razão principal da preferência dos corintianos foi, claro, a
rivalidade histórica.
As circunstâncias em que ocorrerá o grande clássico invertem,
ironicamente, a configuração que
o confronto assumiu nos anos 60
e início dos 70. Naquela época, o
Palmeiras era a "Academia", que
tinha em Ademir da Guia seu
grande maestro e no toque de bola refinado o seu diferencial.
Era a única equipe capaz de desafiar ocasionalmente a hegemonia do Santos de Pelé.
O Corinthians, por sua vez, buscava superar o longo jejum de título recorrendo ao improviso, ao
desespero e a um certo messianismo. Era o time da garra, da paixão, da torcida delirante.
Hoje a situação é inversa. Desde
os títulos do biênio 98-99, e sobretudo a partir da era Parreira, o
Corinthians se tornou uma equipe mais serena e equilibrada, enquanto o Palmeiras, traumatizado por sucessivos desastres, virou
o time da garra, das romarias,
das bandeiras de Nossa Senhora.
Foi esse o clima, por exemplo,
que animou a equipe verde na
épica vitória de quarta-feira sobre o São Caetano no estádio
Anacleto Campanella.
Com um jogador a menos durante a maior parte do jogo, precisando da vitória no campo do adversário, o Palmeiras resistiu a
um verdadeiro bombardeio do
Azulão (sobretudo no primeiro
tempo), se desdobrou em campo
e, surpreendendo a si próprio, meteu dois gols de vantagem sobre o
time do aproveitamento 100%.
Vitória que se deveu às defesas
espetaculares de Marcos, à incansável versatilidade de Magrão e à
esperteza de Thiago Gentil.
Mas foi, sobretudo, uma vitória
de Jair Picerni, com o doce sabor
da vingança. Demitido do São
Caetano por ter caído em três finais seguidas (duas no Brasileiro
e uma na Libertadores), o treinador impediu seu ex-clube de chegar a mais uma semifinal. Ou seja: depois da saída de Picerni, o
Azulão nunca mais ficou entre os
quatro primeiros de um torneio.
E a vitória de quarta-feira teve
claramente o dedo do técnico. Ao
colocar Correa e Thiago Gentil na
segunda etapa, Jair Picerni habilitou o time a explorar os contra-ataques que o São Caetano, no
afã de furar o bloqueio alviverde,
passou a proporcionar. E correu
para o abraço.
Falta adrenalina
O São Paulo venceu com folga o
Santo André, mas não convenceu nem mesmo sua torcida,
que voltou a vaiar a equipe. Em
parte por uma certa birra (pouco justificada) do torcedor contra Oswaldo de Oliveira, em parte porque o futebol apresentado pelo time tricolor não tem
inspirado confiança. Será preciso que a equipe vibre mais para passar pela Briosa e chegar à
final do Paulista-2003.
"Trio de ouro"
Marcelinho Carioca está voltando a brilhar, agora no Vasco. Já marcou pelo menos dois golaços ao seu melhor estilo.
Com a iminente volta de Marques ao time, fica a dúvida: o
"trio de ouro" (Marques, Petkovic e Marcelinho) vai conseguir se entender ou sucumbirá à fogueira das vaidades?
E-mail jgcouto@uol.com.br
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