São Paulo, terça-feira, 01 de março de 2005

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Federação usa dados de satélite e diz que juíza corre como homens

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Silvia Regina de Oliveira teve desempenho físico semelhante à média dos árbitros que apitam partidas do Campeonato Paulista. É o que diz a FPF ao avaliar os dados do monitoramento dos juízes que estiveram em campo.
No jogo entre São Paulo e Corinthians, anteontem, a árbitra percorreu 9.150 m com velocidade média de 10,5 km/h. O máximo atingido foi 15,7 km/h no primeiro tempo e 15,9 km/h no segundo.
A FPF não divulgou os dados da avaliação dos outros árbitros.
Eles são monitorados via satélite por aparelhos que carregam atados ao braço e à cintura. Só alguns juízes são escolhidos a cada rodada, geralmente os que apitam partidas de mais apelo.
Para efeito de comparação, os jogadores de futebol alcançam até 35 km/h. Sua velocidade média, porém, é variável já que muitas vezes eles ficam parados ou andando, mas oscila próxima de 12 km/h, segundo fisiologistas ouvidos pela Folha. Um atleta corre entre 10 km e 12 km por partida. Um árbitro bem preparado deve percorrer distância semelhante.
Anteontem, após a derrota no Morumbi, Tite disse que "mulher não pode apitar jogo de futebol de alto nível." Para o ex-técnico corintiano, as mulheres têm desempenho físico inferior ao dos homens. Ele e atletas do time disseram que Sílvia errou para os dois lados por estar longe dos lances.
Não foi a primeira vez que ela teve seu desempenho contestado. Em 2003 ela foi chamada de burra pelo são-paulino Luis Fabiano. No mesmo ano, foi colocada na "geladeira" pelo Armando Marques, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, que considerou exagerado o destaque dado na mídia à sua atuação ao lado de outras duas auxiliares.
Desta vez, o tom preconceituoso da declaração de Tite provocou repúdio do Sindicato dos Árbitros de São Paulo e da Comissão de Arbitragem da FPF. Em notas oficiais, ambas ressaltaram que Silvia atende a todos os requisitos para ser árbitra de futebol.
A juíza esteve nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e será a única representante brasileira no workshop organizado pela Fifa, em março, em Portugal, que servirá como preparação para a Copa do Mundo feminina, em 2007.


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