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dia de fúria
Adriano sente atraso no bolso e nos ouvidos
Atacante é punido após 28 minutos de demora, rebeldia e ameaça a fotógrafo
No dia seguinte à polêmica em desembarque, São Paulo dá multa máxima e bronca; guiado por amigo, carro do atleta bate na madrugada
JULYANA TRAVAGLIA
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O São Paulo já duvida da sua
capacidade de recuperar Adriano para o futebol. Não bastasse
a seca de gols no Paulista, o atacante teve ontem um dia típico
de "bad boy": chegou quase
meia hora atrasado ao treino da
manhã, saiu sem ser liberado
do CT e ainda ameaçou bater
num repórter-fotográfico que o
seguiu até o estacionamento.
Como resultado, o clube decidiu multá-lo em 40% do seu
salário de R$ 160 mil -pena
máxima estipulada pela legislação de contratos. Pior: hoje
Adriano conversará com o presidente Juvenal Juvêncio no
CT da Barra Funda, quando deve definir seu futuro no clube.
A confusão surgiu um dia depois da polêmica sobre uma suposta regalia (ou rebeldia) do
atacante, que desembarcou em
Guarulhos sem usar o uniforme da delegação, que voltava da
Colômbia. O presidente são-paulino afirmou que iria aconselhá-lo, e a comissão técnica
disse que ele tinha sido autorizado a trocar de camisa.
"Isso é um assunto menor,
ele já estava indo para casa",
disse o superintendente Marcio Aurélio Cunha.
Mas o que irritou profundamente a diretoria foi o atraso e
a insubordinação do atacante
no treino da manhã de ontem.
O dia para o jogador começou
às 9h28, quando ele chegou ao
treino do São Paulo marcado
para as 9h. Borges e Hugo também chegaram atrasados, mas
Adriano foi o último a aparecer.
"O treino estava marcado para a tarde e depois passou para
a manhã. Mas para nós atraso é
sempre atraso", afirmou Marco
Aurélio. Os outros dois também terão multas, menores.
Adriano não entrou em campo. Treinou na sala de fisioterapia e saiu abruptamente, sem
ter sido liberado. No caminho
até o carro, ameaçou um fotógrafo que tirava fotos de sua
saída. Segundo testemunhas,
Adriano disse que, se o profissional tirasse mais alguma foto,
ele o agrediria ali mesmo.
Antes de sair, o atacante teve
uma rápida conversa com Marco Aurélio. Segundo o superintendente, o jogador se queixou
de um incômodo no músculo
posterior da coxa esquerda e
"provavelmente" decidiu não
continuar as atividades prescritas pela fisioterapia tricolor.
"Foi uma decisão dele de sair
sem ser liberado. No São Paulo,
joga quem está feliz. Se não estiver feliz aqui, pode sair", afirmou o cartola, na primeira das
reações negativas do clube à
atitude do atacante. Que foi resolver problemas pessoais.
Na madrugada, seu Porsche
se envolveu num acidente na
avenida Paulista, pilotado por
Aloísio Ferreira, 41, administrador de empresas, enquanto
o atacante estava num show,
onde Aloísio ia buscá-lo.
Às 4h44, o carro avançou um
sinal na altura da rua Pamplona
e bateu num Ford Ka. O acidente destruiu a frente do carro,
ocupado por quatro mulheres.
Segundo a dona do Ka, Luciana Araripe, Aloísio estava
acompanhado de duas moças,
sem nenhum sinal de Adriano.
"Ele [Aloísio] assumiu a culpa pelo acidente, acionou o seguro e nos acompanhou até a
delegacia", disse Luciana. O Boletim de Ocorrência foi registrado no 78º DP (Jardins).
Duas das outras ocupantes
do Ka, Keila Ribeiro e Maria
Teresa Moraes, foram ao Hospital das Clínicas para exames.
Sofreram lesões leves. Carolina
Farias, repórter da Folha Online, também estava no carro.
Foi o segundo acidente envolvendo um carro de Adriano
desde a chegada ao São Paulo.
Em 31 de dezembro, ele perdeu
o controle de um Audi no Rio e
bateu em três veículos.
Preocupado em não polemizar, o técnico Muricy Ramalho
disse contar com ele amanhã,
fora de casa, contra o Mirassol.
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