São Paulo, sábado, 01 de março de 2008

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dia de fúria

Adriano sente atraso no bolso e nos ouvidos

Atacante é punido após 28 minutos de demora, rebeldia e ameaça a fotógrafo

No dia seguinte à polêmica em desembarque, São Paulo dá multa máxima e bronca; guiado por amigo, carro do atleta bate na madrugada


JULYANA TRAVAGLIA
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O São Paulo já duvida da sua capacidade de recuperar Adriano para o futebol. Não bastasse a seca de gols no Paulista, o atacante teve ontem um dia típico de "bad boy": chegou quase meia hora atrasado ao treino da manhã, saiu sem ser liberado do CT e ainda ameaçou bater num repórter-fotográfico que o seguiu até o estacionamento.
Como resultado, o clube decidiu multá-lo em 40% do seu salário de R$ 160 mil -pena máxima estipulada pela legislação de contratos. Pior: hoje Adriano conversará com o presidente Juvenal Juvêncio no CT da Barra Funda, quando deve definir seu futuro no clube.
A confusão surgiu um dia depois da polêmica sobre uma suposta regalia (ou rebeldia) do atacante, que desembarcou em Guarulhos sem usar o uniforme da delegação, que voltava da Colômbia. O presidente são-paulino afirmou que iria aconselhá-lo, e a comissão técnica disse que ele tinha sido autorizado a trocar de camisa.
"Isso é um assunto menor, ele já estava indo para casa", disse o superintendente Marcio Aurélio Cunha.
Mas o que irritou profundamente a diretoria foi o atraso e a insubordinação do atacante no treino da manhã de ontem.
O dia para o jogador começou às 9h28, quando ele chegou ao treino do São Paulo marcado para as 9h. Borges e Hugo também chegaram atrasados, mas Adriano foi o último a aparecer.
"O treino estava marcado para a tarde e depois passou para a manhã. Mas para nós atraso é sempre atraso", afirmou Marco Aurélio. Os outros dois também terão multas, menores.
Adriano não entrou em campo. Treinou na sala de fisioterapia e saiu abruptamente, sem ter sido liberado. No caminho até o carro, ameaçou um fotógrafo que tirava fotos de sua saída. Segundo testemunhas, Adriano disse que, se o profissional tirasse mais alguma foto, ele o agrediria ali mesmo.
Antes de sair, o atacante teve uma rápida conversa com Marco Aurélio. Segundo o superintendente, o jogador se queixou de um incômodo no músculo posterior da coxa esquerda e "provavelmente" decidiu não continuar as atividades prescritas pela fisioterapia tricolor.
"Foi uma decisão dele de sair sem ser liberado. No São Paulo, joga quem está feliz. Se não estiver feliz aqui, pode sair", afirmou o cartola, na primeira das reações negativas do clube à atitude do atacante. Que foi resolver problemas pessoais.
Na madrugada, seu Porsche se envolveu num acidente na avenida Paulista, pilotado por Aloísio Ferreira, 41, administrador de empresas, enquanto o atacante estava num show, onde Aloísio ia buscá-lo.
Às 4h44, o carro avançou um sinal na altura da rua Pamplona e bateu num Ford Ka. O acidente destruiu a frente do carro, ocupado por quatro mulheres.
Segundo a dona do Ka, Luciana Araripe, Aloísio estava acompanhado de duas moças, sem nenhum sinal de Adriano.
"Ele [Aloísio] assumiu a culpa pelo acidente, acionou o seguro e nos acompanhou até a delegacia", disse Luciana. O Boletim de Ocorrência foi registrado no 78º DP (Jardins).
Duas das outras ocupantes do Ka, Keila Ribeiro e Maria Teresa Moraes, foram ao Hospital das Clínicas para exames. Sofreram lesões leves. Carolina Farias, repórter da Folha Online, também estava no carro.
Foi o segundo acidente envolvendo um carro de Adriano desde a chegada ao São Paulo. Em 31 de dezembro, ele perdeu o controle de um Audi no Rio e bateu em três veículos.
Preocupado em não polemizar, o técnico Muricy Ramalho disse contar com ele amanhã, fora de casa, contra o Mirassol.


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