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MOTOR
Números
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Em algum momento do dia você certamente vai ouvir a palavra Senna. Se você estiver em
grupo, muito provavelmente vai
ouvir os chavões da atualidade: a
F-1 acabou, não tem mais graça,
Schumacher corre sozinho.
E, se a discussão continuar,
muito provavelmente a coisa vai
acabar em comparações. Para
que o leitor não faça feio diante
dos pseudo-entendidos -e o automobilismo tem um monte deles,
você sabe-, a coluna provê hoje
uma série de números só de quem
interessa: Fangio, Clark, Senna e
Schumacher. Por que os quatro?
Digamos que o corte é intuitivo,
mas, se houver a necessidade de
um argumento, lá vai, os quatro
percorreram mais da metade de
suas voltas na liderança.
Para começar, um alerta aos
que, há dez anos, desligaram a
TV nas manhãs de domingo. Em
números absolutos, Schumacher
já abocanhou todos os recordes,
só falta mesmo o de poles de Senna, questão de tempo (58 a 65).
Para a brincadeira funcionar, é
preciso pegar as médias. A elas.
Fangio é o melhor em vitórias
(47,1%), pódios (68,6%), poles
(56,9%), primeiras filas (94,1%) e
GPs na liderança (74,5%). Se você
duvidou do item primeiras filas,
reforço o absurdo: o argentino
largou na primeira fila em 48 das
51 corridas que disputou. Anos 50,
outra F-1, mas Fangio é e sempre
será o parâmetro. Mordam-se os
sennistas, só o alemão o superou,
em títulos (6 a 5), claro, e pontos
por corrida (5,47 a 5,44).
Clark vem em seguida. Tirando
Fangio da conta, o primeiro pole
man da história e o único dos
quatro a correr por uma única
equipe, a Lotus, é o melhor em poles (45,8%), primeiras filas
(66,7%), voltas rápidas (38,9%) e
GPs liderados (59,7%). Clark tem
uma média melhor que Fangio, a
de voltas na liderança (27 a 26,4).
E, óbvio, semelhanças com Senna.
Os dois morreram em ação, tinham personalidades difíceis para o ambiente da categoria e se especializaram em tirar o máximo
do carro nos treinos oficiais. Tanto que levou duas décadas para
Senna roubar o título de Clark
-para os fãs do alemão, ele vai
ser o próximo, mas dificilmente
alcançará a média de seu ídolo de
infância (agora, 40,4% a 29,4%).
Curiosidade, os dois tricampeões têm exatamente a mesma
média de pontos por GP (3,81).
Clark também pertence a outra
F-1, mas foi um fenômeno de velocidade. Se chama a atenção o
fato de ter uma melhor média de
poles que o recordista Senna, o
mesmo acontece contra o rei das
voltas rápidas, Schumacher.
E um fenômeno de vitórias. Sua
relação vitórias/pódios é muito
superior às do brasileiro e do alemão (78,1% a 51,3% a 58,8%).
Clark era letal, corria para ganhar, não para fazer pontos.
Chegamos então aos contemporâneos. De bate pronto, Senna só
ganha nas médias de poles e primeiras filas (54% a 48,2%). Perde
em vitórias (25,5% a 37,6%), pódios (49,7% a 64%), voltas rápidas (11,8% a 29,9%), GPs liderados (53,4% a 57,9%) e pontos.
Senna partia do pico, Schumacher o atinge na corrida. Dois modos de chegar ao limite. Na F-1 de
Senna, Schumacher perdeu. Na
de Schumacher, Senna perderia.
Ôps 1
O GP Brasil deste ano estava pronto para ignorar completamente as
celebrações em torno de Senna. Diante da enxurrada das últimas semanas, a coisa mudou de figura. A Lotus guiada por Berger em Imola
será pilotada em Interlagos por um sobrinho do tricampeão, Bruno.
Ôps 2
Schumacher humilhou a concorrência em Imola. Errou no treino
porque Button estava leve demais. E voltou à liderança com absurdos
cinco segundos de vantagem após o pit. Se nada acontecer, já era.
Ôps 3
Fiasco na Nascar. Talladega terminou no último domingo sob chuva
de latas, protesto contra uma bandeira amarela no final da corrida.
E-mail: mariante@uol.com.br
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