São Paulo, terça-feira, 01 de maio de 2007

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no vermelho

Por títulos, Santos turbina as dívidas

Ao investir em altos salários do time, clube amplia em 32% seus débitos em 2006 e atinge um rombo de R$ 121 milhões

Diretoria santista conta com sucesso no Paulista e na Libertadores para reforçar o caixa, que já perdeu quase todo o dinheiro de Robinho


JULYANA TRAVAGLIA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para ter um time competitivo em 2007, o Santos teve de gastar quase todos seus recursos acumulados e viu sua dívida crescer. É o retrato mostrado pelo balanço do ano passado.
A aposta da diretoria santista é que o investimento na equipe gerará novas rendas com bom desempenho na temporada.
Isso coloca uma pressão a mais sobre os jogadores, que perderam de 2 a 0 para o São Caetano na primeira final no Paulista. E iniciam amanhã os mata-matas da Libertadores.
As rendas seriam um reforço para o caixa santista, que sofreu redução considerável em 2006. O volume de dinheiro do clube aplicado em banco, caixa e aplicações financeiras, caiu de R$ 36,3 milhões para R$ 14,4 milhões. Ou seja, foi gasto boa parte dos ganhos com as vendas de Robinho e Elano. O clube ainda recorreu a vários empréstimos e financiamentos: o débito desse item multiplicou-se por sete e é de R$ 18,9 milhões.
O gasto com o futebol foi o principal responsável por esses números. Neste ano, por exemplo, o Santos terá de pagar R$ 20,6 milhões em contratos de direitos de imagem, que bancam os principais atletas e a comissão técnica. Em 2006, esse gasto foi de R$ 6,5 milhões.
"Tivemos uma política de não vender jogadores para obter sucesso em 2007. Os resultados finais do Paulista e da Libertadores mostram que a estratégia foi vitoriosa", explica o gerente de planejamento Dagoberto Fernando dos Santos.
Mas essa política, entre outros motivos, aumentou o passivo do clube. Até o final de 2006, a dívida chegava a R$ 121,5 milhões, considerado o passivo total do Santos, ou seja, o conjunto de dívidas e obrigações com que tem de arcar. É 32% maior do que o valor ao final de 2005, quando o time tinha priorizado quitar débitos.
Ainda houve aumento nas obrigações fiscais até um ano, que foram multiplicadas por quatro: são de R$ 24,4 milhões.
Dagoberto diz que a dívida total não chega a esse montante. Isso porque itens do passivo podem não ser confirmados como débitos no futuro, dependendo de processos judiciais. As receitas antecipadas do Paulista também não são consideradas débitos pelo clube.
E o dirigente aposta no aumento de arrecadação com a decisão estadual e a Libertadores. O título de campeão paulista gera R$ 1,5 milhão, o vice, R$ 400 mil, além de bilheterias.
Na Libertadores, a premiação é de US$ 100 mil nas oitavas-de-final, fase em que o time encara o Caracas. Será de US$ 140 mil nas quartas. E cresce mais nas etapas decisivas. "Ainda há um ganho com imagem, premiação de patrocinadores. Podemos negociar valores mais altos", ressalta Dagoberto.
Para isso, o time precisa recuperar o ânimo abalado pelo São Caetano. "Mal consegui dormir à noite pensando na derrota", admitiu Cléber Santana. "Temos de esquecer tudo o que fizemos de errado. A partida contra o Caracas dará ânimo", afirmou Zé Roberto, também meia e craque do Santos.


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