São Paulo, terça-feira, 01 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SONINHA

Tudo o que já foi dito

Pequenos podem surpreender os grandes no resultado e no modo de jogar... Mas nada está definido (ah, vá!)

A S MESMAS perguntas, respostas e análises. Enquanto os times se pegavam no Paulista numa looonga fase inicial de pouco valor, falamos tudo o que há para ser falado no futebol. Calendários e regulamentos, Estaduais x Brasileirão, pontos corridos x mata-matas, pequenos x grandes, zebras x favoritos. Comparamos experiência com frescor, talento com esforço, coletivo com individual, planejamento com improviso. Lamentamos violência e gestões perdulárias, discutimos papel dos técnicos e erros de arbitragem. Elogiamos, criticamos e secamos Romário. O que falta dizer?
Recomeço a coluna dez vezes: "Isso eu já disse, isso também". É melhor desistir de ser totalmente "inédita".. Vamos ao Paulistão. Antes de domingo, Luxemburgo fez descrição do penúltimo jogo do Santos com a qual não concordo. Ele elogiou o equilíbrio do time, que teria atacado e se defendido com a mesma competência. E, enquanto achei que faltou um ímpeto que levasse o time mais à frente, o técnico concluiu o contrário: que o Santos só precisava de paciência para trabalhar melhor a bola e aproveitar as boas chances criadas. "O time subiu com tudo para o ataque e ficou exposto aos contragolpes", disse.
O Santos que vi correu riscos na defesa porque foi travado pelo Bragantino e não soube reagir. Teve pouca inspiração, quase não criou chances e sofreu sustos, a ponto de Fábio Costa ser destaque positivo. No primeiro jogo da final, o time de Luxemburgo, Kléber, Zé Roberto, Cléber Santana e cia. foi travado de novo. E ficou em desvantagem inédita. O São Caetano de 2007 tinha tudo para dar errado, mas não demorou para dar o ar da graça. Freqüentou o clube dos quatro primeiros do Estadual na maior parte do tempo. Foi formado por atletas baratos vindos de tudo quanto é canto; tem um técnico "jovem"; não tem torcida que pressione nem quem empurre o time. Chegou à final graças ao que interessa: seu futebol.
Na hora de analisar o time, muitas vezes recaímos no clichê: "Time pequeno joga fechado. No Morumbi, é mais difícil", prevíamos antes do jogo com o São Paulo. A visão deles era diferente: "Lá, com o gramado mais baixo, podemos trabalhar melhor a bola. E, com mais espaço, nossos jogadores de frente podem se movimentar melhor". E não é que o Morumbi lhes caiu muito bem?
O que se pode dizer, agora, já cansou de ser dito: que nada está definido enquanto houver jogo pela frente. Que ninguém, grande ou pequeno, ganha de véspera. Que quatro jogos podem valer mais do que 19, então para que tantos? Que o São Caetano aprendeu a lidar com pressões de vários tamanhos. E que Luxemburgo é o rei dos pontos corridos, mas talvez ainda precise superar pequeno problema com mata-matas.

Seu Frias
Só estive com ele uma vez; me deu uma atenção incrível, de generosidade desconcertante. Tempos depois, uma ex-repórter da Folha me disse, explicando por que era tão rigorosa com seu próprio trabalho: "Sou da escola do seu Frias". Tenho muitas outras histórias sobre como ele era digno e querido; muitas delas, felizmente, registradas em livro. Fiquei triste, mas foi uma grande vida.

soninha.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Copa América: Dunga descarta a convocação de Ronaldo
Próximo Texto: Estrangeiros invadem a última seletiva do Pan
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.