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SONINHA
Tudo o que já foi dito
Pequenos podem surpreender os grandes no resultado e no modo de jogar... Mas
nada está definido (ah, vá!)
A
S MESMAS perguntas, respostas e análises. Enquanto os times se pegavam no Paulista
numa looonga fase inicial de pouco
valor, falamos tudo o que há para ser
falado no futebol. Calendários e regulamentos, Estaduais x Brasileirão,
pontos corridos x mata-matas, pequenos x grandes, zebras x favoritos.
Comparamos experiência com frescor, talento com esforço, coletivo
com individual, planejamento com
improviso. Lamentamos violência e
gestões perdulárias, discutimos papel dos técnicos e erros de arbitragem. Elogiamos, criticamos e secamos Romário. O que falta dizer?
Recomeço a coluna dez vezes: "Isso eu já disse, isso também". É melhor desistir de ser totalmente "inédita".. Vamos ao Paulistão. Antes de
domingo, Luxemburgo fez descrição do penúltimo jogo do Santos
com a qual não concordo. Ele elogiou o equilíbrio do time, que teria
atacado e se defendido com a mesma competência. E, enquanto achei
que faltou um ímpeto que levasse o
time mais à frente, o técnico concluiu o contrário: que o Santos só
precisava de paciência para trabalhar melhor a bola e aproveitar as
boas chances criadas. "O time subiu
com tudo para o ataque e ficou exposto aos contragolpes", disse.
O Santos que vi correu riscos na
defesa porque foi travado pelo Bragantino e não soube reagir. Teve
pouca inspiração, quase não criou
chances e sofreu sustos, a ponto de
Fábio Costa ser destaque positivo.
No primeiro jogo da final, o time
de Luxemburgo, Kléber, Zé Roberto, Cléber Santana e cia. foi travado
de novo. E ficou em desvantagem
inédita. O São Caetano de 2007 tinha tudo para dar errado, mas não
demorou para dar o ar da graça. Freqüentou o clube dos quatro primeiros do Estadual na maior parte do
tempo. Foi formado por atletas baratos vindos de tudo quanto é canto;
tem um técnico "jovem"; não tem
torcida que pressione nem quem
empurre o time. Chegou à final graças ao que interessa: seu futebol.
Na hora de analisar o time, muitas
vezes recaímos no clichê: "Time pequeno joga fechado. No Morumbi, é
mais difícil", prevíamos antes do jogo com o São Paulo. A visão deles era
diferente: "Lá, com o gramado mais
baixo, podemos trabalhar melhor a
bola. E, com mais espaço, nossos jogadores de frente podem se movimentar melhor". E não é que o Morumbi lhes caiu muito bem?
O que se pode dizer, agora, já cansou de ser dito: que nada está definido enquanto houver jogo pela frente. Que ninguém, grande ou pequeno, ganha de véspera. Que quatro jogos podem valer mais do que 19, então para que tantos? Que o São Caetano aprendeu a lidar com pressões
de vários tamanhos. E que Luxemburgo é o rei dos pontos corridos,
mas talvez ainda precise superar pequeno problema com mata-matas.
Seu Frias
Só estive com ele uma vez; me
deu uma atenção incrível, de generosidade desconcertante. Tempos
depois, uma ex-repórter da Folha
me disse, explicando por que era
tão rigorosa com seu próprio trabalho: "Sou da escola do seu Frias".
Tenho muitas outras histórias sobre como ele era digno e querido;
muitas delas, felizmente, registradas em livro. Fiquei triste, mas foi
uma grande vida.
soninha.folha@uol.com.br
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