São Paulo, terça-feira, 01 de maio de 2007

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Estrangeiros invadem a última seletiva do Pan

Troféu Maria Lenk de natação começa hoje com 18 atletas de fora do Brasil

Campeão mundial Ryan Lochte, arma do Pinheiros, tem a missão de nadar bem para que colegas possam pensar somente nos Jogos


Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Nadadores do Pinheiros que buscam vaga no Pan no Troféu Maria Lenk pintaram a cabeça de azul ou verde e deixaram as barbas crescerem. Hoje, eles devem raspar juntos pêlos e cabelos

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Georgina Bardach vibrou quando descobriu que o Pan-Americano de 2007 seria no Rio de Janeiro. Conhece a cidade, as piscinas, os nadadores do país. Iria se sentir em casa.
Desde 2000 a atleta disputa o Troféu Brasil de natação, rebatizado como Maria Lenk. Mas praticamente não ouve gritos de incentivo das arquibancadas. Na edição que começa hoje, é o símbolo de uma invasão.
Medalhista de bronze nos 400 m medley na Olimpíada de Atenas-04, a argentina puxa a lista de 18 estrangeiros que cairão na piscina em busca de pontos para suas equipes e tempos melhores para voltarem ao Rio a partir de 13 de julho.
Serão os principais adversários (e também os aliados) dos brasileiros, que encaram a última seletiva para os Jogos.
"É a competição mais forte que temos na América do Sul. Os brasileiros já são excelentes nadadores. E, com os reforços de fora, o nível aumenta mais. Todos vão para melhorar suas marcas. Eu adoro nadar nesse evento", disse Georgina.
O número de estrangeiros é expressivo. Mais importante ainda são seus currículos.
Ryan Lochte ostenta o mais impressionante deles. O norte-americano é rival direto de Michael Phelps e conquistou duas medalhas de ouro (200 m costas e 4 x 200 m livre), com recordes mundiais, no Mundial de Melbourne, em março.
Lochte será o principal rival do brasileiro Thiago Pereira, já pré-classificado para os 100 m costas, os 200 m peito, os 200 m medley e os 400 m medley. A seleção terá 42 atletas.
O americano terá como companheira no Pinheiros a sueca Therese Alshammar, campeã mundial dos 50 m borboleta.
Apesar de não disputarem o Pan, os dois devem ser essenciais para a definição da equipe brasileira para o evento no Rio.
"Eles são importantes, principalmente, para darem tranqüilidade aos que tentarão vaga nos Jogos. Têm condições de bater recordes sul-americanos [que valem mais pontos], vencer e fazer boa pontuação", disse o técnico Alberto Silva.
"Se isso acontecer, podemos fazer um remanejamento na equipe, focar mais cada um individualmente", completou.
A maioria dos estrangeiros do Troféu Maria Lenk, no entanto, não contará pontos para nenhum dos clubes. São nadadores que querem aproveitar o torneio para treinar e fazer índice para o Pan do Rio.
A legião sul-americana terá, no total, 12 argentinos, um chileno e dois peruanos. Completam a lista uma alemã, um norte-americano e uma sueca.
"A tendência é que o número cresça cada vez mais, pois este é o torneio mais forte e organizado desta região", declarou Ricardo Moura, diretor técnico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, por meio de sua assessoria.
Estrangeiros, porém, podem também significar problemas, principalmente para as nadadoras do país. A edição de 2001 do evento foi a última em que as brasileiras conquistaram o ouro em todas as provas.
Na disputa masculina, a estatística é bem diferente. Na competição de 2006, não ocorreram vitórias estrangeiras. Nos últimos 11 anos, os forasteiros nunca venceram mais do que três provas no evento.


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