São Paulo, sexta, 1 de maio de 1998

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FUTEBOL
Ex-professor do jogador Bebeto e da cantora Ivete Sangalo, da Banda Eva, quer priorizar as categorias de base
Executivo torna Bahia S.A. em internato

RODRIGO BERTOLOTTO
da Reportagem Local

Alceu Lisboa, 50, foi professor do jogador Bebeto e da cantora Ivete Sangalo, da Banda Eva, mas agora como executivo do Bahia S.A., quer transformar o time em um colégio interno para formar atletas e cidadãos.
"Será como dirigir uma escola. Mas, se não der para atleta, o garoto vai se tornar um cidadão com um rumo na vida", diz o diretor superintendente do primeiro clube-empresa do país.
Ele procura parceria com fundações e entidades como o Sesi e o Senai, para garantir educação a custo zero. "O garoto treinaria de manhã e, à tarde, estudaria."
O raciocínio do executivo é transformar o Bahia em um celeiro de novos talentos para lucrar com as transferências.
Segundo Alceu, os jovens não entraria em contato com os atletas profissionais. Eles terão um centro de treinamento em Lauro de Freitas, na Grande Salvador.
"Eles contarão com psicólogos e pedagogos e ficarão distantes dos profissionais, para não pegar os defeitos deles."
Por seus cálculos, se houver um aproveitamento de 10% dos garotos, o celeiro do clube-empresa já garante seu custo -R$ 79 mil anual para um time 22 juniores.
"Se, de cada dez meninos, um sair profissional com passe de US$ 1 milhão, nós já saímos no lucro."
Sua prioridade para a categoria de base é tanta que ele irá delegar poderes na parte profissional do clube."Não me relacionarei com a equipe principal. Só terei linha direta com os juniores."
Apesar de ser o primeiro executivo a aproveitar a Lei Pelé, Alceu a critica no item formação de atleta.
"A Lei Pelé é boa, mas tem um ponto ruim: ela inibe a formação de jogadores. Se, em vez de dois anos, a lei permitisse quatro anos para o clube ficar com o passe do jogador, os clubes investiriam mais nos jovens."
Alceu Lisboa foi escolhido como o CEO (Chief Executive Officer) do Bahia S.A. por ter um perfil de executivo e educador, além de ser conselheiro do clube.
O executivo relaxa cuidando do jardim de sua casa. "O baiano trabalha muito e estressa. Essa história de preguiça é coisa de gente que não entende a baianidade."



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