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COPA 2002 - CORÉIA/JAPÃO
Senegal surpreende, derruba a França, estabelece marco na história das Copas e embaralha as cartas do futebol
O jogo que acordou o mundo
ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
A Copa mais diferente de todos
os tempos começou com a maior
zebra já vista na trajetória de um
campeão mundial de futebol.
Quem colocou a zebra na sala
foi Senegal, uma seleção que fez
ontem o primeiro jogo de sua vida
em Mundiais e que é a 42ª no ranking da Fifa, a segunda pior posição entre as equipes da Copa.
E quem montou na zebra foi a
França, a badalada campeã do
mundo, a líder do ranking da Fifa,
a seleção que fatura US$ 36 milhões por ano em publicidade.
A vitória da equipe africana por
1 a 0 ontem, em Seul, na abertura
da Copa, é um marco do futebol.
Nunca a seleção campeã do
mundo havia começado a defender seu título com uma derrota
para um estreante no torneio.
Nunca um europeu campeão
mundial havia perdido para um
time oriundo da África negra.
Nunca a França havia caído
diante de uma equipe de fora da
Europa e da América, as regiões
que ganharam todas as Copas.
Foi a primeira derrota francesa
em Mundiais desde os 2 a 0 para a
Alemanha na semifinal de 1986.
Senegal superou o país que o colonizou com 11 atletas que atuam
na França. Seu técnico, Bruno
Metsu, é francês. "O resultado é o
maior da história de nossa equipe
e desta Copa", disse o treinador.
O esquema vencedor designava
um único atacante: Diouf. Já o desenho francês tinha uma ausência
de peso: o meia Zidane, lesionado.
O resultado de ontem manteve
a escrita de zebras e poucos gols
em partidas de abertura. Como a
Argentina na Copa-1990, que iniciou sua defesa de título com uma
derrota de 1 a 0 para Camarões.
No Grupo A, a França precisa
muito de Zidane para não deixar
antes do previsto a primeira Copa
asiática. Que começou com chuva
fina na capital sul-coreana. Que
começou com vaias ao presidente
reeleito da Fifa, Joseph Blatter, e
aplausos a Junichiro Koizumi,
primeiro-ministro japonês. Que
começou, também, com um gol
solitário do senegalês Papa Bouba
Diop, que embaralhou de vez as
cartas do futebol mundial.
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