São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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COPA 2002 - CORÉIA/JAPÃO

Senegal surpreende, derruba a França, estabelece marco na história das Copas e embaralha as cartas do futebol

O jogo que acordou o mundo

ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

A Copa mais diferente de todos os tempos começou com a maior zebra já vista na trajetória de um campeão mundial de futebol.
Quem colocou a zebra na sala foi Senegal, uma seleção que fez ontem o primeiro jogo de sua vida em Mundiais e que é a 42ª no ranking da Fifa, a segunda pior posição entre as equipes da Copa.
E quem montou na zebra foi a França, a badalada campeã do mundo, a líder do ranking da Fifa, a seleção que fatura US$ 36 milhões por ano em publicidade.
A vitória da equipe africana por 1 a 0 ontem, em Seul, na abertura da Copa, é um marco do futebol.
Nunca a seleção campeã do mundo havia começado a defender seu título com uma derrota para um estreante no torneio.
Nunca um europeu campeão mundial havia perdido para um time oriundo da África negra.
Nunca a França havia caído diante de uma equipe de fora da Europa e da América, as regiões que ganharam todas as Copas.
Foi a primeira derrota francesa em Mundiais desde os 2 a 0 para a Alemanha na semifinal de 1986.
Senegal superou o país que o colonizou com 11 atletas que atuam na França. Seu técnico, Bruno Metsu, é francês. "O resultado é o maior da história de nossa equipe e desta Copa", disse o treinador.
O esquema vencedor designava um único atacante: Diouf. Já o desenho francês tinha uma ausência de peso: o meia Zidane, lesionado.
O resultado de ontem manteve a escrita de zebras e poucos gols em partidas de abertura. Como a Argentina na Copa-1990, que iniciou sua defesa de título com uma derrota de 1 a 0 para Camarões.
No Grupo A, a França precisa muito de Zidane para não deixar antes do previsto a primeira Copa asiática. Que começou com chuva fina na capital sul-coreana. Que começou com vaias ao presidente reeleito da Fifa, Joseph Blatter, e aplausos a Junichiro Koizumi, primeiro-ministro japonês. Que começou, também, com um gol solitário do senegalês Papa Bouba Diop, que embaralhou de vez as cartas do futebol mundial.


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