São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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TOSTÃO

Começou a Copa e, com ela, as zebras

A festa de abertura da Copa do Mundo foi uma maravilha.
O público de mais de 64 mil torcedores -todos assentados em cadeiras numeradas, bastante confortáveis- vibrou com o espetáculo.
Pena que o futebol tornou-se muito mais um grande negócio do que um esporte bonito, saudável e ético.
Só falta pedirem para os jogadores perderem uma partida, para beneficiar uma outra equipe patrocinada pela mesma empresa, como aconteceu na Fórmula 1.
Aí, só vai restar ir embora, escutar um tango, ou uma música de Lupicínio Rodrigues, e chorar lágrimas de tanta tristeza.
A cada dia a Copa do Mundo e as seleções ficam menos importantes do que os clubes. Esses, investem grandes fortunas e com razão não querem ficar sem os seus ídolos.
Os jogadores chegam ao Mundial física e mentalmente cansados por causa das duras e frequentes partidas.
Eles só tiveram 15 dias para se prepararem para a estréia na Copa da Coréia do Sul e do Japão. Isso será refletido em suas atuações.
Muitos atletas importantes não estarão presentes por causa de contusões.
Por outro lado, após a vitória passar a valer três pontos, houve melhora na postura e na qualidade das equipes em todo o mundo.
Elas se tornaram mais ofensivas e ousadas. Aumentou o número de gols. A Copa de 1994, nos Estados Unidos, foi melhor que a de 1990, na Itália, e a de 1998, na França, superior à de 1994.
A de 2002, na Ásia, provavelmente será ainda melhor.
Nesses dias em Seul, a caravana do presidente da Fifa reeleito recentemente -incluindo ex-craques- festejou bastante. Pena que, para não perderem o prestígio e poder, esses gênios do passado apóiam e são cúmplices de maus dirigentes.
Maradona tem muitos defeitos, problemas, mas nunca fez parte dessa turma.
Em campo, faltou Zinedine Zidane, maior astro do futebol. Zidane simboliza a associação da arte, da beleza e da eficiência. Em campo, Senegal jogou muito bem taticamente e venceu o jogo.
O time recuou toda a equipe para o seu campo, fechou os espaços defensivos, deixou apenas o habilidoso Diouf na frente e, no contra-ataque, conseguiu fazer um gol.
A França pressionou, mas não teve competência e talento ofensivo.
Todos os titulares do Senegal atuam na França. Como todo o futebol africano, a equipe mudou sua maneira de jogar nas últimas décadas.
Parecia o futebol brasileiro dos anos 40, 50 e 60. Com a contratação de técnicos europeus, o futebol leve, ofensivo e imprevisível se tornou mais pragmático e de muita marcação, sem perder a habilidade.
Senegal foi vice-campeão da última Copa da África, perdendo apenas para a equipe de Camarões.
Os destaques do jogo foram o goleiro Sylva -deve ser brasileiro disfarçado de senegalês-, o armador Fadiga e o atacante Diouf.
Fadiga cansou a França.

E-mail:
tostao.folha@uol.com.br


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