São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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GRUPO A/ ONTEM

Atrás, Senegal se segura dando chutões; na frente, sozinho, Diouf desequilibra

Obediência tática faz ataque de 1 homem só bater França

France Presse
Atleta senegalês corre no campo do estádio de Seul com a bandeira de seu país após a vitória sobre a França, na abertura da Copa


DO ENVIADO A SEUL

Uma tática seguida à risca e uma noite (manhã no Brasil) inspirada de seu único atacante foram os fatores que deram a Senegal a vitória sobre a França na abertura da Copa Coréia/Japão.
A equipe africana não teve vergonha de jogar recuada em seu campo e dar chutões para a arquibancada quando necessário.
Deixou no ataque apenas El Hadji Diouf. Sozinho, ele foi caçado desde o começo.
Sofreu a primeira falta da Copa do Mundo já aos dez segundos -o autor foi Desailly.
Provocou também o primeiro cartão amarelo da competição, para o volante francês Petit.
Mais impressionante que as oito faltas que sofreu, porém, foi sua disposição para apostar corrida com a defesa francesa.
Algo que lhe valeu dez impedimentos durante a partida, igualando um recorde das Copas.
Numa vez em que escapou em posição legal, porém, Diouf decidiu a partida. Mais novo jogador em campo (21 anos), ganhou na velocidade do zagueiro Lebouef, 34, o mais velho da partida.
Foi à linha de fundo pela esquerda, invadiu a área e cruzou para trás. A bola passou por entre as pernas de Desailly. Petit, na corrida, de frente para o gol, tentou aliviar pela linha de fundo, mas jogou a bola na perna de Barthez. Ela voltou para Papa Bouba Diop, já caído, completar para o gol. Eram 30min do primeiro tempo, e a tática de emboscada escolhida pelo treinador Bruno Metsu começava a dar certo.
"Falam que os times africanos são fortes, mas que não têm obediência tática. Provamos o contrário", afirmou o treinador.
Roger Lemerre, seu colega da seleção francesa, concordou: "Eles mantiveram uma organização muito forte".
A equipe de Lemerre dominou a posse de bola (59% contra 41% do rival). Teve muito mais escanteios a favor (10 a 0). E também finalizou mais vezes a gol (17 a 5).
Mas, sem Zidane, o homem que dita o jogo, a França fez tudo isso de forma bastante desordenada.
O time tentou com lançamentos, com cruzamentos e com chutes de fora da área.
O máximo que conseguiu foi chutar duas vezes na trave.
Sylva, o goleiro senegalês, também salvaria seu time em chute forte de Djorkaeff, meia que substituiu Zidane e pouco fez.
Roger Lemerre passou quase toda a partida quieto. No segundo tempo, colocou Dugarry e Cisse para aumentar o poder ofensivo francês. Sem sucesso.
A França, que anteontem não quis fazer o tradicional reconhecimento de campo com medo do trânsito, acabou conhecendo o estádio de Seul da pior maneira.
"É uma vitória para toda a África. Daria tudo para estar no Senegal hoje [ontem] à noite", afirmou Diouf. Sua equipe agora está no páreo pela classificação para a segunda fase da Copa.
O próximo jogo é contra a Dinamarca, na quinta-feira. "Se perdermos as duas próximas partidas, essa vitória aqui não vai valer nada", resumiu o técnico de Senegal. (ROBERTO DIAS)


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