Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O PERSONAGEM
"Só falta ganhar da Argentina e do Brasil", diz Páez
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Richard Páez é um técnico
que chama atenção. Desde que
assumiu a seleção venezuelana,
em março de 2001, fez o time
ganhar cerca de 60 posições no
ranking da Fifa. Após atuar 17
anos na Venezuela, virou técnico em 1989. Foi assistente de
Francisco Maturana na seleção
colombiana. Estudou os métodos de Fabio Capello, Carlos
Bianchi e Del Bosque. Em 1999,
levou o Estudiantes de Mérida
às quartas-de-final da Libertadores, ficando em quinto lugar,
a melhor colocação de um time
venezuelano.
(AP e OA)
Folha - Como explicar a ascensão do futebol venezuelano?
Richard Páez - Mudanças na
mentalidade e na coerência estratégica de jogo impulsionadas por uma poderosa mensagem motivacional técnica, que
tem sido trabalhada na cabeça
dos atletas desde 2001.
Folha - Os grandes patrocinadores foram fundamentais?
Páez - Todo investimento é.
Mas à medida que os resultados e a empolgação popular
apareceram, as empresas Polar,
RCTV e CANTV multiplicaram o efeito das vitórias.
Folha - Por que há clubes quebrando enquanto a seleção vive
o seu melhor momento?
Páez - Porque eles não contam com estrutura sólida, parecida com a de um clube de futebol, com uma empresa. São só
equipes de futebol profissional.
Folha - Dá para encarar Brasil e
Argentina de igual para igual?
Páez - Se a lógica diz que perderemos, por que não jogar
com um grande como um
grande e aprender com isso?
Folha - Essa nova cara da Venezuela é totalmente mérito seu?
Páez - Eu só coloquei em prática o que muita gente pensava
e discutia na Venezuela. Fui fiel
ao conceito que tive como atleta, que todo jogador venezuelano tem o talento para enfrentar
com dignidade seus rivais.
Folha - Hoje, o time e o país vivem enorme euforia. Estão preparados para as derrotas?
Páez - Toda equipe passa por
ciclos. Eu e os jogadores sabemos. Somos do futebol. Não
vou me surpreender com o que
acontecer e certamente saberemos direcionar nossas aflições.
Folha - Já pensa em chegar ao
nível de grandes seleções?
Páez - Calma. Só digo que já
avançamos mais de 56 postos
no ranking da Fifa desde 2001.
Isso significa evolução, mas,
por enquanto, Brasil e França
podem dormir tranqüilos.
Folha - A Venezuela já começa
a impor respeito?
Páez - Só falta ganhar do Brasil e da Argentina. O resto será
mostrado com o avanço da
nossa seleção. Com a maior humildade e respeito. Respeitamos os adversários, mas antes
precisamos nos respeitar, ter
certeza de nossa capacidade.
Acabou a Venezuela assustada.
Texto Anterior: Futebol: Boom venezuelano almeja a ponta das eliminatórias Próximo Texto: Bielsa vê na defesa brasileira a chance de "golpe de credibilidade" Índice
|