São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2004

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O PERSONAGEM

"Só falta ganhar da Argentina e do Brasil", diz Páez

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Richard Páez é um técnico que chama atenção. Desde que assumiu a seleção venezuelana, em março de 2001, fez o time ganhar cerca de 60 posições no ranking da Fifa. Após atuar 17 anos na Venezuela, virou técnico em 1989. Foi assistente de Francisco Maturana na seleção colombiana. Estudou os métodos de Fabio Capello, Carlos Bianchi e Del Bosque. Em 1999, levou o Estudiantes de Mérida às quartas-de-final da Libertadores, ficando em quinto lugar, a melhor colocação de um time venezuelano. (AP e OA)
 

Folha - Como explicar a ascensão do futebol venezuelano?
Richard Páez -
Mudanças na mentalidade e na coerência estratégica de jogo impulsionadas por uma poderosa mensagem motivacional técnica, que tem sido trabalhada na cabeça dos atletas desde 2001.

Folha - Os grandes patrocinadores foram fundamentais?
Páez -
Todo investimento é. Mas à medida que os resultados e a empolgação popular apareceram, as empresas Polar, RCTV e CANTV multiplicaram o efeito das vitórias.

Folha - Por que há clubes quebrando enquanto a seleção vive o seu melhor momento?
Páez -
Porque eles não contam com estrutura sólida, parecida com a de um clube de futebol, com uma empresa. São só equipes de futebol profissional.

Folha - Dá para encarar Brasil e Argentina de igual para igual?
Páez -
Se a lógica diz que perderemos, por que não jogar com um grande como um grande e aprender com isso?

Folha - Essa nova cara da Venezuela é totalmente mérito seu?
Páez -
Eu só coloquei em prática o que muita gente pensava e discutia na Venezuela. Fui fiel ao conceito que tive como atleta, que todo jogador venezuelano tem o talento para enfrentar com dignidade seus rivais.

Folha - Hoje, o time e o país vivem enorme euforia. Estão preparados para as derrotas?
Páez -
Toda equipe passa por ciclos. Eu e os jogadores sabemos. Somos do futebol. Não vou me surpreender com o que acontecer e certamente saberemos direcionar nossas aflições.

Folha - Já pensa em chegar ao nível de grandes seleções?
Páez -
Calma. Só digo que já avançamos mais de 56 postos no ranking da Fifa desde 2001. Isso significa evolução, mas, por enquanto, Brasil e França podem dormir tranqüilos.

Folha - A Venezuela já começa a impor respeito?
Páez -
Só falta ganhar do Brasil e da Argentina. O resto será mostrado com o avanço da nossa seleção. Com a maior humildade e respeito. Respeitamos os adversários, mas antes precisamos nos respeitar, ter certeza de nossa capacidade. Acabou a Venezuela assustada.


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