FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Kuerten alcançou ontem em Roland Garros seu maior resultado após a cirurgia no quadril, em 2002, e disse estar se sentindo em Paris "como se fosse 97, como se fosse a primeira vez".
O brasileiro derrotou o espanhol Feliciano Lopez por 3 sets a 0 (6/3, 7/5 e 6/4) e avançou às quartas-de-final do torneio -ele não alcançava essa fase em um Grand Slam desde o Aberto dos EUA-01.
"Cheguei aqui sem expectativas, vivendo uma situação difícil, quase perdi na primeira rodada e agora estou nas quartas. Estou vivendo este momento como uma dádiva, como uma coisa única, como se fosse 97, como se fosse a primeira vez", disse o tricampeão de Roland Garros, que triunfou pela primeira vez há sete anos.
"Estou vivendo o que vivi em 97. Se fosse nos outros anos já estaria pensando numa semi, numa final, olhando quem eu poderia enfrentar", afirmou ele, que voltou a vencer em 2000 e 2001.
Por causa do problema no quadril, Kuerten ficou as três semanas anteriores ao início da atual edição afastado do circuito, em tratamento, e por isso se colocou como coadjuvante no torneio.
"Ainda tenho um pouco de dúvidas em relação ao meu corpo e vou continuar encarando cada partida como se fosse uma final."
Guga voltou a figurar entre os favoritos ao título ao bater o líder do ranking, o suíço Roger Federer, por 3 a 0, na segunda rodada.
No jogo de ontem, o brasileiro voltou a ser dominante. Foi melhor do que Lopez, 25º do mundo, em todos os fundamentos.
Seu único momento de vacilo foi no décimo game do segundo set, quando Lopez derrubou o serviço de Guga pela primeira e única vez e empatou a parcial.
O brasileiro se recuperou rapidamente, devolveu a quebra na seqüência e sacou para fazer 2 a 0.
"Só hesitei em uma ocasião, mas no resto eu estava tranqüilo, só um pouco mais nervoso no final, já vendo que eu estava chegando nas quartas."
Apesar de a fase atual valer 250 pontos no ranking, a mesma quantidade do título de São Petersburgo -o mais importante após a operação-, Guga diz que vive seu melhor momento.
"Não sei muito bem explicar porque e como, mas é em Paris que as coisas acontecem para mim", declarou o brasileiro, que enfrenta amanhã o argentino David Nalbandian, que derrotou o russo Marat Safin. Será o primeiro jogo de Guga com o cabeça-de-chave número oito.